UM
BARATO!
Editorial - Terceiro livro dos Anjos de Prata |
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Beto
Muniz
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Nós, escritores, vivemos em constante peleja com os pensamentos e por conta desse embate estamos sempre espreitando seus movimentos, se é que é possível ficar de olho nas idéias, esperando abrir uma brecha pra gente espiar a criatividade correndo dentro da cabeça e, no menor vacilo, grudar no rabo dela dizendo "venha pra cá diacho!", e botar a idéia com a criatividade, e tudo mais que estiver no embolo, bem escrito no editor de texto pra participar da atualização quinzenal. Talvez eu possa dizer por todos integrantes dos Anjos de Prata que a gente fica tão envolvido em escrever um texto relativamente bom e que agrade nossos pares prateados, que nem percebe o tempo passar. Mas se não puder falar por todos é por conta de alguns autores que ficam angustiados e contam cada minuto passado diante da tela em branco sem conseguir grudar no rabo de uma ideiazinha sequer e exclamar um "diacho" antes de aprisionar a danada no papel. Mas isso acontece com poucos e nem vou me apegar em números porque quando um desses agoniados agarra uma idéia dentro dos pensamentos ela acaba sendo a melhor da quinzena e o sujeito leva tantos elogios no e-mail que até esquece o quanto demorou pra grudar naquela idéia dos diachos entre tantos pensamentos produzidos. Nessas horas a felicidade do autor fica palpável, quase sólida!, e se não solidifica ao menos toma forma líquida e lava a alma. Mas nem quero falar nesse banho de felicidade, quero é voltar a falar do tempo, quero dizer, desse tempo de uma semana que é o prazo pra enviar um texto sobre o tema e que a gente vê passando rápido até demais (eu já falei, não falei?). Então, agora já enveredei os pensamentos rumo a falar do tempo passado desde o início - que foi quando se misturou asas, pratas e temas. Esse tempo passou que a gente nem viu e de repente chegou o fim do ano e novamente é tempo de lançar mais um livro, já que todo ano tem livro de anjo pra gente presentear os amigos, parentes e amores. Desde o início que a minha maior satisfação é receber os livros e despachar embrulhado com papel decorado para os quatro cantos do país. Um para Minas Gerais, onde mãe e pai ficam orgulhosos deste filho que escreve. Outro para o Pará, que tenho um irmão por lá, também para a Bahia, tia. Rio de Janeiro que uma amiga está na espera do que ler, e assim se vão meus exemplares. E quantos parentes e amigos mais chegados eu tenho, é quantos livros se vão pelos correios. Todos com laço de fita, que presente a gente enfeita mais por fora que por dentro, e quanto maior a beleza exterior mais anseio bate no presenteado de rasgar o papel e tirar o que vem dentro, que é o que tem mesmo valor, mesmo que nem seja objeto de grande valia, que o que vale mesmo é a lembrança, e se a gente embrulha e bota laço nem é pra valorizar mais, é só mesmo pra mostrar o quanto de carinho e amor a gente está mandando agregado no presente barato. Entretanto não é o tempo ainda de falar sobre os livros - que eu pego neste fim de semana e já fico sem eles antes de entrar a outra semana, o tempo agora é de falar dos Anjos de Prata. De quando foram criados, de como cresceram, ficaram belos, parrudos! A primeira vez que escrevemos sobre um tema foi sobre FIM DE FEIRA, cinco textos tímidos e ao mesmo tempo ousados. Está registrado lá no site o nome de cada um dos seis pioneiros: eu, o Portuga - de batismo Celso Rab Lage, Luciana Franzolin, Lena Chagas e Viviane Alberto. Para os autores não foi grande esforço inaugurar o site e trabalho mesmo teve a Anna Christina, mas parece que mostrar a cara num projeto inaugural roubou nossas forças e, na quarta atualização, apenas três textos meio atrapalhados foram lançados no site deixando os Anjos de Prata parecendo chama de vela na praia. Veja lá se não foi assim mesmo como estou contando! Que os Anjos de Prata quase se extinguiram é verdade registrada, porém que os faltosos retornaram nas atualizações seguintes e chegou mais um, e mais outro, e outro e outros tantos, em número tamanho que numa dessas atualizações teve treze novos autores estreando, também está registrado e é fato sem contestação. Mas tudo que é demais atrapalha e se atrapalha deve ser modificado pra não atrapalhar, que muitas trapalhadas também extinguem tanto quanto trapalhada de menos, e depois que a webmaster passou três dias só formatando os textos do tema FIDELIDADE, que bateu o recorde de participação com sessenta e três textos, já era tanta gente fiel que foi preciso modificar o projeto inaugural. Foi assim que as regras foram reformuladas e a qualidade foi se alargando, e a entrada foi se estreitando, até entrarem apenas três anjos de cada vez, mas cada qual com um texto daqueles de idéia agarrada pelo rabo e chamada de diacho com toda razão, que pra se tornar Anjos de Prata é preciso ficar de olho nos pensamentos até encontrar no meio deles uma criatividade bem da boa correndo feito cometa e grudar nela com ligeireza e firmeza. Num disse isso já? Disse. Pois é por conta disso tudo que eu já disse antes e acima, que volto a falar de hoje. Tem pouco tempo que iniciamos, coisa de dois anos, e contando do início, estamos com um mil novecentos e sessenta textos publicados no site. Nisso eu estou levando em conta os mini-contos de natal e também os contos coletivos que narravam a saga da família Serafim, uma família mais arretada que seus criadores, os Anjos. Mas também isso agora não vem ao caso, pois o caso é que se metade dos autores que participam atualmente conseguirem cada qual agarrar uma idéia, daquelas com cauda de cometa, vai ser uma felicidade sólida, ou líquida, a atualização desta semana. Com apenas quarenta boas idéias os Anjos vão ultrapassar os dois mil textos. Pra quem começou com sete, veja se não é um banho de felicidade chegar no dois mil? Se não é, fica sendo! Porque eu garanto que, o Portuga - que só mãe e pai chama de Celso, Luciana Franzolin, Lena Chagas, Viviane Alberto e Anna Christina estão de alma lavada! E todas elas se banharam nas mesmas águas que a minha alma. E pra quem pensa que esse banho tem hora pra terminar, eu aviso com antecedência que só tem hora e dia de quando começou, e no mais tem hora também as festas por ocasião da distribuição do tradicional livro OS ANJOS DE PRATA - todos os anos no primeiro sábado de dezembro. Já na segunda-feira seguinte, é dia de embrulhar livro por livro em papel decorado, amarrar fita em laço e enviar para amigos, parentes e amores. Assim que todos estiverem despachados, vamos deixar combinado, a gente volta a botar tento nos pensamentos caçando, entre as idéias, a criatividade com rabo de cometa. Achando, é só grudar nela, chamar de diacho e permanecer escrevendo, escrevendo e escrevendo sem prestar muita atenção no tempo que for passando, de modo que passado mais um ano, sempre será dezembro, todo mundo se encontra pra distribuir mais livros e eu quero ver alguém com livro na mão dizer que não está com a alma lavada, enxaguada, quarada, secada e perfumada! Tenha a coragem, pois não?
Os números dos Anjos de Prata em 06 de Dezembro de 2002: 02
anos PS: Os textos de Bruno Freitas e Reinaldo Filho foram inseridos no tema FIM DE FEIRA alguns meses após a inauguração do site. |
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