ALMA?
QUE ALMA?
Heringer
Hoje eu li uma notícia que me deixou pasmo. Vivemos dias em que nada mais nos causa grandes estremecimentos. Tudo parece ocorrer aqui e ali. As informações digitalizadas, velocíssimas, nos trazem notícias de todo o planeta e nada mais já nos surpreende. Ou quase nada...
Mas o que li me deixou boquiaberto. Existem coisas que fogem à razão, e, por não compreendê-las, criamos mecanismos incríveis que nos assegurem termos o domínio sobre a vida que, no mais das vezes, é caótica.
A notícia que li era destas que não podemos explicar. Eu não sabia se devia rir ou chorar. E tal indecisão deixa a situação perigosa - e não gostamos dessa coisa dúbia, que não podemos controlar.
Quase sempre fico inconformado, pra não dizer indignado, quando ouço por aí, que temos um destino, um caminho já traçado, uma história previamente concebida, por viver. De certo, os que assim afirmam, crêem numa mente superior, numa energia cósmica, em um ente supremo, um deus ou vários.
Onipotente, ubíquo, transcendente, essa entidade cuidaria de nossas vidinhas miúdas com genuíno interesse. Baseados nesses dogmas, pois andamos a inventar fórmulas mágicas a cada momento, somos o supra-sumo da criação. Pérolas do universo. O centro e a razão de todo o Cosmo.
Pois bem, o que li e me deixou estarrecido parece desmentir toda essa bazófia - e aqui, para essa palavrinha incomum, o sentido de guisado também se aplica - talvez seja o destino!
Sei que, a esta altura, já devem estar curiosos sobre o caso a que me refiro. Afinal, o que de tão terrível assim pode haver num mundo que já beira o surreal - e basta abrir um jornal e ler suas manchetes - ?
Eu conto: um homem foi fazer o que mais gostava na vida, mergulhar no oceano. E lá, paramentado, estava feliz da vida, talvez por ser dos poucos que faz o que realmente gosta; e olhava os seus peixes multicoloridos e corais incomuns. E esse homem nem imaginava a tragédia que iria se abater sobre sua pessoa. E, com pés-de-pato, óculos de mergulhos, roupa elástica, tubos de oxigênio, já próximo à superfície, foi tragado em segundos por uma enorme bátega, essa por sua vez sustentada por fortíssimo cabo de aço, e tudo isso ligado a um helicóptero.
Ora, tal acontecia para se apagar um incêndio, que acontecia a trinta quilômetros dali, numa floresta americana.
Os bombeiros encontraram o corpo do mergulhador e, claro, como nós, ficaram perplexos com o ocorrido, e não podiam explicar o porquê de um mergulhador estar em meio a um incêndio florestal, a grande distância da água mais próxima. O homem, e depois os exames o comprovaram, morreu devido à queda e os motivos de sua abdução, enfim, ficaram evidentes.
Coisas assim deixam a gente confusa e abobada. E parece comprovar a natureza caótica das coisas. A menos que eu esteja enganado, e que tal fato tenha sido minuciosamente tramado, planejado por uma mente brilhante e deveras ativa e criativa.
Como já deduziram, sou daqueles que não crêem que tenhamos uma alma a se eternizar. E se as tivéssemos, fica aqui a pergunta: a deste infortunado mergulhador seria uma alma lavada ou simplesmente... carbonizada?
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