INFÂNCIA CALMA
Alberto Carmo

Que saudades do lençol
Pendurado no varal
Marchava voando o bandido
Perdido ao sabor do vento

De dia lá estava atento
Tremendo todo enrugado
Correndo-me atrás nos sonhos
Feito alma, desencarnado

A lavadeira morena
Matuta de pernas calmas
Cerzia-me o pensamento
Serena a tentar-me em salmos

Gostava quando a faceira
Jogava dentro do tanque
O cueiro de minhas noites
Tirano das minhas mágoas

Molhava tudo, esfregava
No molho todo espumante
O monstro de rinhas calvas
Gemendo feito elefante

Como era bom de se ver
Os panos naquela tábua
A moça que me salvava
Lavando aquela trist'alma

fale com o autor

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.