CAMINHO DOS ASTROS
Shirley Kühne

Pousada na árvore 
a curva do sol.
Não. 
É só uma lâmpada
entre postes 
espiando nosso olhar 
perdido,
porque dentes de concreto 
feriram o grande astro
que se refugiou nu
no amanhecer do Japão.
Os grilos choram
ainda dolentes,
relutando o fim do dia;
e no horizonte 
os galhos esquálidos, 
por fim, descansam 
de amparar
uma vez mais
o poente.
As pálpebras da noite 
se abrem no piscar 
da lua pendurada
no zênite,
outdoor platinado
da pólis enjaulada 
por suas gentes,
serenas ou não,
serenatas
de inaudível
som.

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