HENFIL, NÓS!
Lula Moura

O país tava na lona,
o povo tava no chão.
Mas Lula também é polvo,
no mar ou no sertão.
Da lona ergueu o sonho,
trazendo arroz e farinha,
pra nós cumê cum feijão.
Joguei fora a cachacinha.
Eu ri e chorei,
juntinho,
tamanha era a emoção...

Que um dia isso inverteria,
apesar da ventania,
num é novidade não.
Lembrei que o poeta disse,
que tudo misturaria,
numa pura fantasia,
colada na melodia:
- O sertão vai virar mar
e o mar vai virar sertão.

O Lula né mole não.
Um anjo lhe deu carona,
lhe trouxe alegria à tona.
Víxi que coisa boa,
Cabra-da-peste bão!
Danado de bacana,
fez a lona qui tava o povo,
mudar de posição.
Agora ficou por cima,
muito além da ilusão:
O Circo está de volta,
e nele trouxeram pão.

Isto tudo é mais que lindo,
disse a Dona Conceição.
Que antes não era Lula,
tinha medo de avião.
Mas hoje seu medo foi-se,
veio outra sensação.
Vendo todo mundo junto,
no meio da multidão,
seu medo virou esperança,
e sem medo da vingança, 
disse:
- Tenho mais medo não!
- E isso num é tolice.
Invertendo sua chatice,
disse a Dona Conceição...

Ah!...
Quem tem coração,
tem saudade...

Espantando a vaidade,
Lula estendeu seus braços,
e lembrou de outros bravos,
que hoje não estão aqui,
devido ao destino atroz.
E pensando num abraço,
somente exemplificando,
falou ao voltar a fita,
pra coisa ficar bonita:
- Henfil, nós!

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