O VELUDO NEGRO

Sonia Lencione

A pele aveludada tão negra guarda um pequeno monstro.
Carinhas feias e assustadoras.
Dráculas. Sugadores de sangue.
Pequenos ratos alados que assombraram minha infância.

Papai com uma vara no terreiro a atraí-los com o som estridente.
Um misto de dor e gozo para mim.
Vê-los destruídos pelas varadas.
Varadas tão acertadas. 

Depois... bem depois... aquela caverna.
Não esperava que fossem tantos.
Titio a me alertar que nas cavernas
é que eles fazem suas moradas.

E a casa abandonada!
Não resisti a tentação de abrir aquela porta.
Que surpresa medonha!
Eram tantos e voavam em todas as direções.

Levei a mão ao pescoço.
Sempre temi que viessem sugar minha artéria. 

Monstros ou não...
Riscos não vou correr.
Eles ainda me assustam 
no vôo noturno rasante. 

O que buscam na noite?

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