SOPRO DO DESEJO
Lula Moura

Inerte ao sopro do desejo,
não me diz nada, fica muda.
Só pede um beijo...

Eu, cheio de pressa,
ladeira abaixo,
fico louco,
com tudo que vejo,
e o que não vejo.

Ela continua lá,
inerte ao sopro do desejo.
E muda permanece,
não me diz nada,
pede outro beijo...

E eu, tonto com tantas curvas,
tantos bicos e tantos cheiros,
feitiço do feiticeiro,
corpo feminino inteiro.
Olhos na sedução,
puro tempero,
de uma paixão,
um desespero,
no coração,
fogo brejeiro,
da ilusão,
de um cancioneiro,
que na canção,
age ligeiro.

Passando a mão,
no travesseiro,
já tenho pressa.
Realizar o meu tesão,
objetivo que interessa.

Mas isso é vão.
E ela, o violão,
afrodisíaco que me trouxe,
será que está pronta?
Ou não?
Que nada.
Quer mais um beijo,
e um carinho na mão,
pois ainda está 
inerte ao sopro do desejo...

Me dou conta,
que não tem jeito.
Que o carinho,
é o importante,
no ninho dos amantes.
É o que deixa,
um e outro satisfeito.
Na verdade,
é o que desperta,
e umedece o feminino.
Dito e feito.

Aprendida a lição,
dou um beijo, e outro beijo,
e baixinho, falo um carinho,
e então, só me mexo,
quando ela pede com seu jeito.
Aí sim, pego seus braços,
olho pra baixo,
bem nos seus olhos,
e o que vejo:
finalmente,
não mais inerte,
já me diz tudo,
e já tem pressa.
E nem mais pede.
O que interessa,
agora é duplo.
Gozemos juntos.
É bom à beça...

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