EFE Ô DÊ É ERRE
Adlai Hoartmann

sabe o que me dá tesão? escrever. Escrever me dá um puta tesão, assim como quartos de hotel barato, assim como calcinhas de algodão, assim como meinhas e cabelo amarrado, assim como nudez incompleta, assim como carne crua. Aliás, o escritor é um tarado. E talvez o seu talento seja diretamente proporcional ao seu tesão. ou não. por isso Mary não entende quando eu após cada trepada me desvencilho do corpo dela e vou ao computador escrever alguma coisa, qualquer coisa que diminua o tempo de latência da minha ereção. Mary me acha estranho. As mulheres sentem tesão pelo estranho, pela estranheza do feio principalmente. Mary tem tesão pelo meu nariz alargado e minhas assimetrias e tortices. Mary! vem cá! lê isso aqui (...) gostou? olha aqui nos meus olhos, vê? eu quero que você feche seus olhos e se concentre na ereção dos seus mamilos, você consegue endurecer os mamilos? eu não preciso te tocar pra isso, preciso? viu só, Mary. As palavras são poderosas, percebeu o quanto as palavras podem ser duras, congestas de sangue e esponja, o símbolo fálico dos códigos: efe, ô, dê, é, erre (...) assim como janelas de cortinas descuidadas, assim como saiotes hesitantes e seios vacilantes, assim como escrever pra ela cartinhas de amor, assim como dizer coisas bobas dentro do ouvido, assim com pedir e implorar, assim como rastejar e ser rastejado, assim como levar um tiro, assim como cair e não mais chegar ao fundo do poço, escrever dá tesão e é foda.

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