MEU VÍCIO, MINHA DROGA
Adilson Sobrinho

Para Lucia Padilha

Foi uma pequena e única dose, isso já tem mais de ano e até então não me desintoxiquei, na verdade nem faço força nenhuma para tal.

Me lembro bem do início de tudo, uma entrada em um chat sem malícias, um "oi!" sem segundas intenções e uma troca de e-mails despretensiosa. A coisa, naturalmente cresceu e através de cabos telefônicos ganhei de presente uma bela e suave sinfonia, ao primeiro som de seda vindo de paragens fluminenses, me embriaguei, bebi daquela voz como quem bebe do sol em tardes frias do inverno. 

Como uma droga, um vício, fui criando, sob sua onda, coragem, força, impavidez e até os atrevimentos necessários para olhar de frente e na cara do mundo. Sob seu domínio, cresci, desafiei, me impus e nunca mais fui e nem serei o mesmo.

Meu vício, minha droga, meu afrodisíaco pra vida. Não saio da cama sem tomá-la em pensamento, e tenho vivido dias melhores, mais claros, mais intensos, mais merecedores de meus esforços para ser são, sóbrio e feliz e fazer-me sempre acreditar que tudo vale a pena, sendo a alma grande ou pequena.

Nas dores, meu antibiótico que insisto em tomar pela manhã, ao almoço, após o jantar e se possível fosse durante toda a noite e, nos momentos bons, meu estimulante, meu ecstasy minha injeção de quero mais.

Diagnóstico eterno: Ou mantenha essa posologia ou cale-se para o sempre.

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