SAUDADE,
FUSO E PONTO
Alice
Moro aqui do outro lado, não da vida, do planeta, distante milhares e milhares de quilômetros do meu torrão natal,separada pelo mar, pela distância e pelo tal fuso-horário.O dia começa primeiro para mim, (digo em relação ao Brasil),aqui no NIPPON, NIHON, JAPAN, JAPÃO.
Por essa razão, a saudade é avassaladora, requintada e cruel. A vida me leva, ou eu a ela, já nem sei, mas vou seguindo. Buscando, aprendendo, sofrendo. E nessa jornada, me deparei com uma criatura que o mundo conhece, A NET. apelido carinhoso né? E foi através dela que passei a conquistar "amigos virtuais" que passaram a ser verdadeiros,mesmo sem rosto.
Com eles eu divido todos os meus pensamentos, ou quase todos, alegrias, tristezas e o mais importante, amizade. Por causa dessa cumplicidade, eu recebo incentivo, carinho, e recobro forças que a solidão me rouba. Eles não se importam se o ontem deles é hoje para mim e que meu amanhã é hoje para eles.
Escrevo no futuro, mesmo que próximo e eles recebem no passado, caso eu escreva num determinado horário, como por exemplo: antes do meio dia, aqui. Sem problemas, sem demoras...
No meio dessa confusão toda de fuso, futuro, presente, passado, saudades de mamãe, papai, amigos, frutas e toda delícia que há por lá, surgiu a necessidade de criar um ponto para pacificar os sentimentos. Eles cresceram e vivem guerreando sem tréguas, me tirando o sono, a tranqüilidade e me forçando a desistir dos sonhos.
E assim, partindo desse ponto esculpido na alma, ou saindo dele, é que restituo a paz, dialogando com os mais complexos, que entraram e se entrincheiraram aqui por dentro, desde que deixei o Brasil, para viver esse exílio voluntário.
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