EM
MIÚDOS, POR FAVOR
|
|
Roseli
Pereira
|
|
"Entre duas palavras, escolha a mais simples. Entre duas palavras simples, escolha a mais curta." A frase não é minha, não. Muita gente mais esperta, mais talentosa e muito mais competente do que eu - o que, aliás, não é mérito nenhum - já disse coisa parecida antes. Desse jeitinho aí, quem falou foi o Paul Valéry, um importante pensador e poeta, para quem a exigência de rigor era fundamental. Se só o Valéry tivesse dito isso, ainda assim a idéia não seria lá muito nova, já que ele viveu entre 1871 e 1945. Isto posto, eu só queria entender o que é que ainda faz as pessoas insistirem tanto em complicar. Veja o caso da importância da preservação do ecossistema e da necessidade de criar mecanismos que promovam a auto-sustentabilidade dos mananciais, por exemplo. Oras, se é assim que os ambientalistas se dirigem aos agentes práticos dessa transformação, não me admira que os mananciais tenham subido no telhado. E que, mais cedo ou mais tarde, venham a despencar de lá com ecossistema e tudo. Têm, ainda, as tais de "ações pontuais" que até hoje eu não consegui descobrir o que são. E os tais profissionais "pró-ativos" que eu não tenho a menor idéia do que sejam. Aliás, têm "negócios" desse tipo pra mais de metro, só que eu me recuso a perder tempo tentando lembrar. Suponho, apenas, que quem fala nesses termos consiga entender o que está dizendo. Suponho, ainda, que quem consegue entender o que está dizendo saiba muito bem falar a mesma coisa de outro jeito. Então, por que não fala? Será que essa gente pensa que o resto do mundo está entendendo tudo e achando bonito? Ou será que os assuntos é que não são urgentes, e por isso podem ficar esperando até que as camadas menos privilegiadas se aculturem o bastante para perceber, afinal, que não se trata de língua estrangeira? Juro que eu não sei. Só sei que, até quem não consegue entender direito algumas coisas que diz, agora deu de falar complicado. E aí a gente é obrigada a engolir frases como "a senhora deverá estar passando o seu endereço para que a gente possa estar enviando" até quando pede uma pizza. Mas, também, não se pode esperar grande coisa de um mundo em que até mesmo um computadorzinho de nada, daqueles que jamais poderão compreender o que dizem em toda a sua existência, inicializa o sistema ao invés de simplesmente iniciar. Será que até o computadorzinho virou esnobe, ou que tudo isso não passa de um plano maquiavélico para desencadear crises de rinite alérgica em gente que só usa palavra difícil quando precisa impressionar banca examinadora ou quando, por algum motivo qualquer, acha que é mais interessante confundir do que explicar? Juro que também não sei. De qualquer forma, atchim! Vocês venceram. Agora já podem parar de brincar. |
|
Protegido
de acordo com a Lei dos Direitos Autorais - Não reproduza o texto
acima sem a expressa autorização do autor
|