PEQUENO...
VASTO MUNDO
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Ly
Sabas
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Dali
podia descortinar o seu mundo. E era um mundo tão vasto... só precisava
de cumplicidade climática.
Quando o céu se vestia de nuvens cinzentas, encolhia as pernas finas e abraçando os joelhos pontudos vigiava a ovelhada amontoada, que o frio tirava até a coragem de mastigar o pardacento pasto. Esticando bem a vista, mergulhava-a no córrego com suas águas esverdeadas pelas algas; o infinito confundia-se com a névoa que se debruçava nas copas da mata, fechando o cenário. Seu coraçãozinho inflava de felicidade quando o sol lhe apontava, generoso, além das árvores, das telhas alaranjadas da aldeia, o campanário com seu sino brilhante. Apoiava o corpo ágil nas mãos alongadas; ficava balançando as pernas, com o sorriso transformando-se em gargalhar a cada latido do ovelheiro, perseguindo borboletas coloridas camufladas em meio as flores roxas e amarelas, presente da primavera para matizar o campo. E o prazer de ter o corpo desnudo, gotejando esparramado, acariciado pela brisa perfumada de sal vinda do mar longínquo, navegando em cada raio do sol escaldante? O balido dos animais, procurando o frescor do aprisco, era o acalanto perfeito para a sonolência que o calor provocava. Que maravilha encravelhar os pés na cumeeira, abrir os braços esqueléticos e deixar o vento ameno desfraldar a camisa descolorida pelo uso! Com o esgarçar das nuvens distinguia as montanhas azuladas, o campanário, a aldeia, o córrego, a mata com suas folhas avermelhadas caindo em um bailado mágico e suas amigas ovelhas... Dali podia desfrutar o mundo. Em cima do telhado habitava o seu paraíso. |
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