Estive pensando em descer...
Colocar outra vez os pés no chão.
Contar a todos uma estória,
Refrescar a mente, saudar a memória...
E saber que tudo não foi em vão.
...Estou sentado perto do
rio:
O homem do barco só vem pela manhã.
Sabia que só no dia seguinte, viria...
Mas, abandonei o casebre antes do anoitecer,
Larguei recordações...
Deixei brasa na fogueira...
Relutei, a manhã inteira.
Calcei com coragem as botas do guerreiro morto.
Empunhei as armas enferrujadas,
Desci do telhado...
Pus-me a caminhar.
Galguei montanhas,
Venci desertos.
Senti cheiro de sangue...
Participei de batalhas mortais.
Acostumei com a fome,
Aceitei a sede.
Vi pedras...
Areia...
Sal...
Cadáveres...
A pele queimada pelo frio...
Os lábios cortados pelo sal...
Adormeci na beira do rio.
À espera do homem do barco...
Pela manhã: Passo para o outro lado...
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