O
CÃO QUE CAIU DO CÉU
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Jacimara
Lourenço Tenório
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Outro
dia, aconteceu-me um fato estranho e incomum, mas antes de contar o tal
fato, gostaria de esclarecer-lhes alguns detalhes.
Era dia 17 de julho de 2002, meu primeiro dia da esperada e merecidas férias. Sou professora e nos tempos atuais, cada vez mais difíceis, lecionar é quase comparada à saga de Cristo. Perdoem-me se exagero, mas todo dia é uma pesada cruz a ser carregada e essa pausa no meio do ano, apesar de pequena, sempre revigora. Voltemos aos fatos, minhas tão esperadas férias, malas já prontas, café tomado, os filhos arrumados, quando de repente um barulho ensurdecedor no telhado. Pensei, o que será isso? Justamente agora que estava de partida! Tentei ignorar, mas a vizinhança chamava-me insistentemente. Sai no quintal e eis que vejo um dog alemão que despencou do terreno a cima do meu, direto para o telhado, pois estava perseguindo um gato. O "bichinho", um verdadeiro "bezerro", ficou ali imóvel, mais assustado do que todos nós. Agora uma coisa vocês têm que concordar comigo, é comum vermos gato em cima do telhado, "gatuno" em cima de telhado e em cima do muro, já vimos muita gente também, mas um cão nunca vemos. Chamamos o dono do cachorro, a hora do relógio correndo, minhas férias agourando... Escada nas mãos e todos fomos para cima do telhado salvar aquele coitado, as crianças subiram também, estavam alvoroçados com a aventura. Amarramos o cachorro em uma corda e o puxamos. Tudo resolvido! Pelo menos era o que eu pensava. Os meus filhos foram os primeiros a descer, depois eu. Quando meu marido estava descendo, um dos degraus se partiu e vejo-o despencando do telhado. Corro em sua direção, ele imóvel, com uma expressão de dor no rosto, vi que a coisa era séria. Não podia estar acontecendo isso comigo, justamente em minhas férias! Apoiei em meus braços aquele homem imenso e fomos para o hospital, inclusive os filhos, que nessa hora já estavam descabelados e com a roupa toda suja. Chegando ao hospital, percebi que perderíamos pelo menos três horas ali, já estava a ponto de ter um colapso nervoso. Os filhos correndo de um lado para o outro e o meu marido gemendo de dor(nós, mulheres, sabemos que para o homem qualquer dorzinha é quase um parto). Finalmente, o médico nos chama e o leva para o raio-X, logo veio o resultado: perna quebrada. Na hora fiquei meio sem saber se chorava ou me conformava, mas resolvi que o melhor era me conformar e voltar para casa, desfazer as malas, desmarcar as reservas do hotel. Vocês podem imaginar como foram as minhas férias, crianças correndo dentro de casa, pois não tinham muita distração e a melhor parte, eu servindo meu "quase" ex-marido o tempo todo, pois não há relacionamento que sobreviva a tragédias como essas. Cheguei a triste conclusão: "É melhor ficar em cima do telhado do que cair dele!". |
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