"...
PORQUE VOCÊ É O ÚNICO JUSTO QUE ENCONTREI NESTA GERAÇÃO."
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Cristo
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Seu
pai o colocou em cima do telhado e saiu com a canoa - Vou procurar a mamãe.
Não desça daqui. - Ficou feliz; a mãe nunca deixava que ele tomasse banho
de chuva - Sai da chuva! Vai ficar doente! - ela dizia.
Os olhos seguiram o pai: remando, cada vez menor, até desaparecer na curva, lá longe. Sentou e assistiu o rio crescer devagarzinho. Acompanhava a subida das águas pelo abacateiro; primeiro galho, segundo galho, terceiro... Na correnteza preguiçosa nadavam plantas. O rio mudou de cor; não tem mais a cor velha dos cabelos pretos da avó, agora é cor de terra, só que mais claro. Papai tá demorando, Tremeu de frio. Esqueceu acompanhando o navegar de uma bacia, depois umas panelas, e um chinelo, Cadê o outro pé?, e uma bola... tudo passando devagar. E veio uma canoa vazia, vermelha, Mais bonita que a do papai, cor de madeira. O rio está alto, quase na altura do teto. Tem vontade de chorar; está chateado, cansou de ver as coisas da enchente. Mas logo acha umas pedrinhas de telha quebrada e faz pontaria no que passa; quase acerta em uma mala viajando sozinha. Quando o rio pega nos seus pés, vê uma vaca inchada e malhada, Que nem a do tio. Sorriu; não imaginava que vaca nadasse, Não, não, ela morreu. Abraçou-se nele mesmo para esquentar o frio. Água já na cintura, Por que papai demora? Ao longe vem subindo uma canoa cheia de gente. Acena como sempre faz, eles não respondem, abaixam as cabeças e continuam. É uma canoa baixinha, quase na linha da água. Só dão tchau quando estão todos nadando, aí sim, acenam com as duas mãos, Não tinham me visto, E alegre balança os braços no ar. As pernas estão cansadas, mas não pode sentar. Com o rio pelo pescoço, já não vê muita coisa. E logo tem que ficar na ponta dos pés para não beber água. Dentro do rio, um nariz e dois olhinhos para o céu, pensam: Papai esqueceu de mim. * Bíblia -
Gênesis 7,1 |
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