LUGAR
DE ANJO É NO TELHADO
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Ana
Carolina Boccardo Alves
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Uma
coisa sempre me fascinou. Telhados. Adoro altura, gosto de ver as coisas
de cima, sentir o vento batendo no meu rosto e da sensação que o mundo está
lá embaixo. Nesses momentos eu respiro fundo, fecho os olhos e me sinto
feliz. Viva.
De cima do telhado as outras coisas ficam pequenas. Os problemas estão lá embaixo, mas você não. Está em cima do telhado. É assim que deveríamos nos sentir, sempre. Quando as coisas tristes ao nosso redor começarem a nos incomodar demais, vamos subir! Pense no que poderíamos ver lá do alto: que estamos vivos, que temos uma vida toda pela frente, que somos privilegiados por ter uma profissão, embora tantas vezes ela nos deixe de saco cheio, que devemos nos sentir felizes porque podemos andar na beira da praia, sentir a chuva molhar nossos rostos, porque sabemos que a dor vai passar se nos sentirmos como crianças, cheios de vontade de encarar a vida com amor e com humor. Acima de tudo, com vontade de encarar, apesar da dor. O oposto do telhado talvez seja o túmulo. Nele, ficam enterradas as nossas lembranças, a sete palmos do chão. Não vamos nos esquecer delas, mas de cima do telhado, podemos olhá-las com mais clareza, com lucidez e como elas são: lembranças. Do telhado, podemos viver apenas para o futuro, porque o restante está lá embaixo. Não esquecido, mas enterrado. É assim que estou me sentindo agora: louca de vontade de subir no telhado mais alto que puder. De ser menina, de amar o mundo, utopicamente, porquê não? Afinal de contas, a vida não é um fardo. Ela é um privilégio e eu creio nisso. Suba no telhado, meu anjinho... |
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