ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE
Larissa Schons

Idéia para o final de uma história. Patrícia e Rodolfo, casados, porém enfrentando uma crise conjugal. Não se falam a uma semana. Ela sabia que estava dando um tempo para refletir, para ficar sozinha e para dar conta de seus compromissos. Já ele... 

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O que houve? O que me aconteceu? Não consigo me mover, não consigo abrir meus olhos, não consigo nem se quer falar. Por favor, me digam que isso não passa de uma brincadeira. 

Vou tentar me acalmar, lembrar dos fatos, mas tudo está tão confuso na minha cabeça. Só pode ter sido os meus amigos. Sem dúvida me deram alguma coisa que me causou esse efeito. 

Sim. Recordo que estávamos numa festa e nos dirigimos para tomar a última dose, quer dizer, eles me conduziram. E foi no bar que avistei Rodolfo. Ah, querido Rodolfo... 

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Não consigo lembrar de mais nada. Tudo ficou escuro depois daquela curva. E os faróis que cismavam em avançar na minha direção. Não. Não pode ser. 

Não posso acreditar que sofri um acidente. Mas tudo está tão escuro. Só consigo me lembrar de algumas vozes repetindo números como numa invocação. Só posso estar sob o efeito de alguma droga. 

Tenho que me acalmar. Isso vai passar. E quando passar voltarei a vê-lo, a caminhar pela grama e sentir a chuva na cara. Não devo me preocupar. Voltarei a respirar o ar úmido da terra, aliás, parece que consigo cheirá-la, me parece tão próxima. 

Essas fantasias são às vezes tão reais. Como agora, parece que sinto a terra se removendo e caindo. Mas o que mais me preocupa é não conseguir me mover. Só posso estar ferida. Será o efeito da anestesia? Às vezes te deixam tão tonto que você parece morto. 

Esperarei. Desfrutarei desse sonho onde sinto o cheiro do campo, o perfume das flores e o suspiro. Suspiro esse que me faz lembrar aqueles grandes e tão lindos que escapavam das nossas tórridas noites de amor. 

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