O BANQUETE
Nerino de Campos

Acordei com o sol queimando-me o rosto. Abri vagarosamente os olhos e após ser agredido por uma intensa claridade, me deparei com o azul deslumbrante de uma céu sem nuvens. A cidade borbulhava. Queria estar longe de casa, porém, quando criei coragem para olhar ao redor e decifrar aquele enigma, descobri estar na Praça Antero de Quental, bem em frente ao prédio onde morava. Aos poucos fui me lembrando da festa, da minha briga com a Marta, após a saída dos convidados, da sua maneira agressiva me mandando tomar cachaça com os mendigos da praça, da minha determinação, comprando várias garrafas e oferecendo um banquete aos meus novos amigos.

Levantei-me com dificuldade, apoiando-me em uma árvore. Algumas babás me olhavam ao longe, chamando as crianças para junto delas. Quando eu vi que estava todo mijado e cagado, coloquei a camisa sobre o rosto e caminhei cambaleando para casa.

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