TALVEZ
Julianna Granjeia Silva
Já não te espero mais, mas sinto sempre tua presença inconfundível.
Já não tenho mais respostas, mas as incógnitas afloram insistentemente.
Já não suporto mais, e a vida continua arrastando-se pelas beiradas.
Já não choro mais, as lágrimas rolam naturalmente sem percepção.
Já não sou mais, apenas estou, apenas, insensatez, apenas, sentimentos.
Já não procuro mais, somente espero que uma saída exista.
Já não enxergo mais, apenas imagino existir uma luz em qualquer lugar.
Já não há esperanças, mas sim instinto de sobrevivência, apenas.
Já não existe mais pensamentos, somente vagas lembranças taciturnas.
Já não, apenas, somente, não.
Já não são mais enigmas, apenas insanidade, incessante, insensível.
Já não há inconseqüência, apenas sombras e névoas traiçoeiras.
Já não existe alívio, mas sim alucinação, embriaguez à espera do jazido.
Já não há drogas, nem remédios, apenas uma tentativa de conforto.
Já não sonho mais, apenas fujo para um lugar diferente, só meu.
Já não tenho conforto, apenas alucinações insanas depreciativas.
Já, não, enigma, apenas, sobrevivência, mas, estúpida, já, talvez.
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