ENCONTRO CASUAL
Eraldo da Silva

Meire já estava conversando com Antônio há duas horas, ela nem tinha percebido o tempo passar, era um papo agradável e ele se mostrara atencioso e surpreendente, parecia saber tudo sobre ela, tudo que falava tocava em seu coração.

Ela não era bonita mas também não era feia, tinha seus encantos e sabia disto, era exigente com os homens, ficava olhando para Antônio e o achava feio, e realmente ele era feio, era notório isto. Ficava conjecturando um possível romance com ele, mas olhava para o corpo dele, sem charme ou outro chamariz qualquer e desistia deste pensamento.

O motivo maior não era exatamente a feiura dele mas sim Marcos, era por ele que estava naquele bar e naquela mesa. Ele era o homem de sua vida, tinha quase certeza disto, nunca tinha entregado seus segredos para um homem como fizera com ele, todos os seus sentimentos, vontades, sonhos e fantasias foram expostos quase sem pensar, apenas pelo magnetismo que ele impunha à ela.

Era impossível olhar para Antônio e não compará-lo com Marcos, o homem que estava diante dela era baixo, obeso e com certeza nunca tinha praticado esportes, totalmente ao contrário do outro que era alto, esbelto e um praticante de vários esportes. Mas ambos tinham o poder de torná-la mais mulher, mais amada e interessante. Que dúvida!

Ela resistira a aceitar qualquer convite feito por Antônio, e não foram poucos, e todos para lugares que ela adorava. Como um homem podia saber tanto dos gostos de uma mulher? Falar tudo que queria ouvir? Mas sua fidelidade pelo homem que amava era maior.

Marcos tinha marcado aquele encontro e ela chegou na hora marcada, sentou-se à mesa do bar e logo seu celular tocou, era ele dizendo que ia se atrasar pois teve um problema com o carro. Resolveu esperá-lo mesmo que demorasse.

Um bar, uma mesa e uma mulher solitária absorta em seus sonhos. Antônio chegou e puxou conversa já se convidando para fazer companhia, ela não sabe o por que, mas aceitou. 

As horas passaram e nada de seu homem chegar, resolveu voltar para casa e se despediu do homem que acabara de conhecer. Ele perguntou se podia ligar para ela para combinarem sair um dia juntos, ela sorriu e disse apenas, talvez. Foi embora.

Em casa ficou furiosa ao lembrar que seu homem não tinha ido ao encontro, principalmente porque era a primeira vez que se encontraria pessoalmente com ele, era um amor virtual, só se conheciam pela internet. Como tinha sido tola, pensava. Acreditar em um homem, se entregar totalmente sem ao menos ter tido um contato físico, era imperdoável sua infantilidade.

Mas sua ida ao encontro resultou naquela nova amizade agradável, sim era uma possibilidade. Se soubesse tinha aceitado os convites daquele homem que já não era tão feio assim, mas quem sabe ele ligasse. Mas isto também era impossível, ela não tinha dado o número do telefone para ele.

O telefone tocou:

- Alô!

- Alô! Aqui é o Antônio Marcos, conversamos hoje de tarde no Tequila´s bar, lembra?...

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