A LUZ DA APROXIMAÇÃO
Anita Giacomini Novais

Confusos em meio à nossa "sabedoria", brindamos intimamente os degraus já alcançados. Assim, exaltamos a glória dos livros já lidos e dos provérbios já inventados. Aprendemos teorias as quais julgamos utilizáveis ,e, postos os problemas nas fórmulas criadas, pensamos estar lidando com cálculos matemáticos, e esperamos, ansiosos, que os resultados apresentem um número inteiro. E ,assim, subjugamos a vida...e, assim julga-a o ermitão. Muitas vezes, depois de uma batalha sofrida, retraímo-nos com certos arranhões; alguns de nós até com cortes mais profundos. A cicatrização, no entanto, não será a mesma para todos. Uns se recuperarão rapidamente,e, ávidos pela vitória, seguirão rumo a mais um dia imprevisível, que poderá render-lhes bons ou maus momentos, mas nunca ruins o bastante para serem ignorados; outros se escondem tão profundamente que, quando buscarem a luz do dia, terão medo até mesmo dos ventos que sibilam por entre as árvores. Independente do caminho escolhido, todos encontrarão o mesmo enigma: o próprio homem. Inevitável é a dor da aproximação, porém, ela é ainda tão menor que a dor da solidão. Estaremos frente a frente com aqueles que lembram a nós, mas sempre nos depararemos com o oposto, com aqueles que nos fazem enxergar o que não queremos ver e atentam nossos ouvidos para aquilo que não queremos ouvir. Provocam sentimentos dolorosos que, futuramente, servirão de impulsos para mais um obstáculo a ser vencido. Enfim, nos damo-nos conta de que as teorias de pouco servirão se o medo for maior do que a vontade de tentar...se as feridas da aproximação forem mais fortes que o poder de cicatrização que as felicidades nos proporcionam. E, assim, vivemos constantemente aparando nossas arestas, para que, um dia, formemos perfeitamente o ciclo que nos une.
 

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