A HORA CERTA
Daniela Schmitz

Ontem, depois de muito tempo e quase sem querer, prestei novamente atenção naquela última mensagem que o computador nos mostra antes de desligar. Nunca mais havia reparado naquele aviso, exceto nas primeiras vezes em que usei um PC. Acho que foi a curiosidade natural que envolve as iniciações, mas não quero desvendar os mistérios dos curiosos, nem muito menos me ater às emoções das primeiras vezes, não agora. Meu interesse atual é no conteúdo daquela mensagem totalmente segura de si. 

Vou refrescar a memória de quem, como eu, desliga automaticamente sua máquina assim que a tal tela preta dá o ar da graça. "Seu computador já pode ser desligado com segurança." Lembrou? Pois bem, fiz exatamente o que o computador pedia e fiquei sonhando com aquele pseudopoder de saber a hora exata para se fazer as coisas. 

Fui longe no sonho, confesso. Mas você não concorda que seria maravilhoso termos um dispositivo interno que alertasse a hora precisa para pedir algo? Um beijo, um aumento, um desconto. E saber o momento perfeito para dizer o que aperta o coração, hein? Tudo com segurança e certeza absolutas ou então a garantia do seu dinheiro de volta. Que fique bem claro que não falo de autoconfiança, falo de um mecanismo de autocerteza mesmo, se é que essa palavra existe. 

Tudo bem, sei que não somos máquinas programadas e já disse que eu viajava num sonho com passaporte e tudo. Com os pés agora em terra firme, eu só tenho mais um desejo: que as máquinas continuem evoluindo com seus poderes e que o meu despertador consiga com isso ser um pouco mais espertinho. Sou uma dorminhoca de carteirinha e, nesses dias que seguem, seria maravilhoso se ele despertasse de madrugada já anunciando a resposta de vitória da nossa Seleção.
 

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