ERRA UMA VEZ
Morphyne Góes

Era uma vez um cara 
Que só via o sim 
É, porque temos o sim e o não em nós. 
Esse cara tirava do não o bom 
Como se gritasse alto apenas com um fio de voz 
Me mostrou todo o sim em mim 
Converteu da dor o azul 
Tirou do triste a gargalhada 
Sangrou dos erros as histórias 
Me fez rir até madrugada 
Mas, o que é o errado, 
Senão fração do acerto? 
Mesmo que doa no peito, um aperto! 
Me divirto com meus erros 
Fico louca, desvairada, 
Penso nisso amanhã 
Tomo vinho, dou risada. 
Estraguei tudo?? 
Que desistir, que nada! 
Mudo o rumo, de virada... 
Mudo de ares, 
Navego outros mares 
Meus acertos sobrepõem meus erros 
Mas serão erros? 
Ou acertos disfarçados? 
A neblina se dissipa 
Dos caminhos embaçados 
E vejo claramente a paisagem 
Da janela que abro em mim 
Só estradas inexploradas 
Agora só vejo pela janela do sim 
..Era uma vez um cara 
Erra uma vez e encara 
O engano como parte de si 
O erro como rascunho 
Da obra de arte da vida 
Talvez escultura de estanho 
Ou tela multicolorida 
..É esse cara do sim 
É essa uma parte de mim. 

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