REFLEXÕES
Ana Carolina Boccardo Alves

Afinal de contas, quem não erra uma vez? Aliás, quem não erra duas, três, quatro, cinco? Ultimamente, tenho me sentido como o meu micro: dou pau, reinicio, mas sempre fica aquele arquivozinho danificado bem guardadinho, que com certeza vai influir na próxima vez que eu mexer no micro, e vai dar pau de novo e assim sucessivamente. 

Será que vou precisar de um scan disk, já que, ao contrário da máquina, que pode ser trocada, eu não posso? Ou será que vou dar uma de Gabriela: "Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim?"

Poxa, mas afinal de contas quem é que não surta? Eu, ultimamente, tenho tido surtos diários. Minhas mudanças de humor dariam anos de incentivo à pesquisa. Se estou bem num momento, dentro de 15 minutos posso ser a pessoa mais mal humorada do mundo, ou a mais triste, ou a mais chata. Meu sono está perturbado, meu coração está perturbado e minhas atitudes têm sido as mais erradas possíveis, sempre. Faço e me arrependo. De novo e de novo. Posso até deletar o arquivo, mas minha memória sempre tem um back-up para as coisas ruins e elas voltam, com toda a força.

Como impedir então que eu tome tantas atitudes erradas em relação ao meu bem-estar? Esses dias estava conversando com alguém que gosta muito de mim (uma das poucas pessoas que me fazem sentir privilegiada) e esse alguém me disse que estou impedindo que as coisas boas cheguem perto de mim, assim, como um mecanismo de autodestruição. Isso é reflexo do meu passado, da minha história triste, de perda? Mas será que eu já não tinha que ter crescido? 

Gosto de ser criança, me chamam de menininha. E não é errado deixar que uma parte da criança que existe em você venha à tona. Mas não assim como está. Não as atitudes inconseqüentes de menina que não conhece o caminho. Não passos que eu sei que estão errados, mas que insisto em dar. Não caminhos que já sei o fim, mas pelos quais quero passar de novo. Erros de criança são bons para as crianças.

Cresce, menininha, cresce. Cresça sendo menina. Se ame e cuide de você para ser amada. É isso que você merece e deve ter. Afinal de contas, erros sim, mas medo de viver, não.

(Mau: em poucas palavras amigas, você me disse o que eu precisava ouvir...)

fale com a autora

Para voltar ao índice, utilize o botão "back" do seu browser.