BEIJINHOS MÁGICOS
Alice

Ele me olhou cinicamente, todo seu rosto ria, se divertia às minhas custas.Fiquei sem graça, mas estava com raiva.

Quando por fim me dirigiu a palavra perguntou; De onde você é ? Da terrinha? Seu nome é Maria?

Subitamente me dei conta que aquele sujeito precisava de uma lição.Dei o meu melhor sorriso, fiz com que meus olhos brilhassem ao olhar para ele.

Dizia para mim mesma: ´´-Você me paga, seu paulistinha atrevido!``

Os dias se passaram, encontrava-o pelos corredores da firma onde trabalhávamos, fingia que não me via, mas eu fazia questão de aparecer.Podia estar errada, mas tinha a certeza de que ele me olhava de soslaio.

Não demorou muito e o tal, me convidou para sair, aceitei sem rodeios e me preparei para o primeiro golpe, meu primeiro erro.

Me tornei delicada, compreensiva, companheira. Não deu outra, me convidou outras vezes.

Mas quem acabou caindo na armadilha fui eu, quando dei por mim, estava apaixonada.Tentei escapar, disse adeus e o deixei sozinho numa sala de cinema, lá fora, quase enlouqueci de raiva ,de desespero, de amor. Esse foi meu segundo erro,fugir.Como diz o ditado: O feitiço virou contra a feiticeira.

Mas e a minha vingança? Virou um desafio, desapaixonar, cair na real.

No outro dia ele veio no meu setor na hora do almoço e me perguntou se eu queria beijinho, fiquei sem saber o que dizer.

Ele não dava sinais de ter ficado chateado, pelo contrário, com um sorriso lindo me apresentou um potinho da TUPPERWARE
cheia de beijinhos de coco. Me estendeu o pacote e completou: 

´´-Pedi pra minha mãe fazer pra você.``

Aceitei sem palavras, fiquei muda, sem teto ,sem chão, flutuei. Só voltei ao normal porque os colegas ficaram aplaudindo.

Demonstração de carinho assim nunca tinha visto, caiu por terra todas as minhas defesas, estava entregue de vez ao inimigo.

Ele pegou no meu queixo, me olhou bem dentro dos olhos e falou que me esperaria lá fora no final do expediente e foi embora.

Era hora de voltar ao trabalho, me sentia triste, pensava mil coisas. No final da tarde já estava recuperada, mas estava ansiosa, receosa, ele poderia dar o troco, me dar um belo fora também.

Tinha falado pra minha melhor amiga, que ia me casar com ele e levá-lo pra conhecer a terrinha. Mas foi logo no começo, quando queria apenas que ele se apaixonasse pra poder dispensá-lo, esnobar mesmo.Ela me disse que queria ser a madrinha, pois aquele já estava no papo. E não é que estava mesmo?

Encurtando a história, cometi meu terceiro e último erro, aceitei seu pedido de casamento,que erro mais acertado, sete meses depois estávamos casados, e fomos passar a lua de mel no Ceará, sim senhor, na TERRINHA, sol e mar, amor e suor.

O Paulistinha estava derretendo de paixão, que delícia que foi, que é e que ainda será.

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