PASSADO MAIS QUE
PERFEITO
Luciana Ribeiro
Outro dia estava tentando imaginar o que eu faria se pudesse mudar alguma coisa no passado. Pensei, pensei, nas coisas pessoais, nas injustiças históricas e fiquei com medo de mudar qualquer coisa. É que tem uma teoria por aí que diz que se a gente pudesse voltar ao passado, qualquer coisinha, por menor que fosse, que a gente mudasse lá poderia ter conseqüências desastrosas no futuro.
E é claro que eu não quero nenhuma conseqüência desastrosa pro futuro do meu passado. Por isso achei melhor pensar em mudar alguma coisa que não fosse tão comprometedora. O futebol, é claro! Apesar de muito importante, fundamental na vida de pessoas como eu, imaginei que daria pra brincar de mudar os destinos com o futebol.
De cara resolvi que ia mudar a final do campeonato paulista de 1986. O Denis não ia ter a infeliz idéia de atrasar a bola de peito pro goleiro, o Kita não ia roubar essa bola e fazer o gol. A Internacional de Limeira não ia ganhar o jogo em pleno Morumbi e o Palmeiras ia ser campeão paulista.
Mas, se o Palmeiras tivesse sido campeão em 86, não teria ficado 16 anos na fila e não aconteceria aquele inesquecível 12 de junho de 1993.
Nem um roteirista de cinema teria imaginado um dia tão perfeito como aquele. A chance de voltar a ser campeão depois de uma longa fila, a disputa em dois jogos contra o arqui-rival, a derrota no primeiro jogo e as provocações durante toda a semana.
Mas eis que aquele dia dos namorados se tornou mais que romântico, se tornou histórico, inesquecível. Não vou entrar nos detalhes, mas vieram as vitórias no tempo normal e na prorrogação.
Eu estava fora de São Paulo, sem televisão e acompanhei o jogo pelo rádio. Aí, então, a emoção foi maior ainda, tinha que contar com a imaginação.
Pensando bem, acho que aquela teoria está certa mesmo. Ainda que eu pudesse, não valeria a pena mudar nadica de nada no passado. Ele foi mais que perfeito.
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