AH, SE EU PUDESSE...
Louise

Romperia a barreira do som...aquela que só o espírito ouve.

Venceria a barreira do espaço...aquele que os pensamentos buscam, alcançam.

Transporia a barreira do tempo, que só aos enamorados acometem de dor.

ah...eu voaria, abrindo minhas asas alcançaria o cosmo. Poderia sentir a força essencial da criação, o sopro divino entrando por minhas narinas, me impregnado cada poro. Me sentiria mil em uma, todos num só.

Ah...se eu pudesse...sentiria minhas raízes entrando na terra, meus frutos vingando, meu aroma brotando em flor.

Ah, se possível fosse...eu veria cada vida passada, quando fui cão, gato, nuvem, chuva, pedra, água.

Ah, se eu pudesse... desceria aos infernos, faria churrasco no braseiro do anjo caído dos céus. Faria piada da sua capa.

ah...eu acordaria desse sonho que é viver.

Como nada disso posso, a cada dia ouço o eco da voz do meu espírito transpondo a barreira do som.

Vejo meus pensamentos buscando e alcançando, vencendo a barreira do espaço.

Transpondo a barreira do tempo que por tanto tempo, tantas vidas me separou de meu enamorado amor, provocante e dilacerante dor.

Ah...abro minhas asas num vôo intergaláctico do meu cosmo toda vez que adormeço. Sinto a força vital, o sopro divino entrando por minhas narinas cada vez que venho a tona de um mergulho no mar.

Me sinto mil em uma quando se inicia uma árdua semana de trabalho.

Sinto minhas raízes fincando terra cada vez que vejo o olhar de uma criança descobrindo...

Vejo meus frutos crescerem... meu aroma brotando em flor cada sorriso recebido com afeto de lábios alheios.

Vejo minhas vidas passadas quando minha fidelidade canina aflora,minhas insinuantes vontades felinas ronronam.

Sou nuvem quando levada pelos ventos dos meus devaneios. Sou chuva emotiva desatando a chorar por coisas banais.

Sinto-me pedra quando atada não posso fazer mais do que queria, inerte, impotente. Vento impulsionando o espírito,também alheio, a alçar vôo . Água cíclica que mata a sede de saber.

Desço aos infernos a cada olhada nas fileiras dos aflitos. Faço de minha carne churrasco cada vez que não posso fazer mais do que queria. 

E quero tanto...

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