PEQUENAS CONTRADIÇÕES
Flora Rodrigues

Ah! Não! Tudo,, menos: Não sei quê! Se há expressão que detesto é mesmo essa!

Mas hoje estou num daqueles dias em que a única expressão que me ocorre é mesmo essa. Fiz isto, aquilo, e mais não sei quê! Mas que soa estranho, lá isso soa!

Primeiro porque me dá vontade de consultar prontuários e gramáticas para saber se essa expressão é correcta e, se é, qual o seu uso correcto. "Deformação de formação", talvez; quem sabe? Mas quando estamos numa conversa e alguém decide terminar o discurso com: - ...e mais "não sei quê!", a minha curiosidade natural acentua-se e fico a pensar no significado exacto dessas palavras. Não saberia mesmo ou não quis dizer, ou eram coisas sem interesse que poderiam ficar por dizer? Mas aí é que reside a minha embirração com o "Não sei quê", porque se sabia, por que é que não quis dizer? Se para quem falava eram coisas sem interesse, que garante que a mim não me interessavam e, por último, mas não menos importante (como diriam os ingleses), eu odeio frases por terminar, conversas inacabadas, respostas incompletas e informações pouco concretas. E porque não consigo enquadrar correctamente essa expressão no meu discurso, porque acabo sempre pensando no que irá ficar por dizer, desisto de a usar e completo o pensamento, a frase, a ordem de idéias, o discurso e mais não sei quê!

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