NÃO SEI O
QUÊ...
Bruno Freitas
Pra vocês que iniciaram a leitura sem saber o que virá pela frente, lamento informar, que estou sem inspiração e sem saber o que fazer. Acredito estar sofrendo de um bloqueio criativo, ainda que passageiro, mas imperativo.
Não há nada pior que um bloqueio criativo, daqueles que interrompem sua habilidade gramatical. Quando não há nada que você possa fazer, a não ser esperar o bloqueio passar. Desculpe se estou sendo redundante, mas estou com bloqueio criativo, e não sei explicar mais nada.
Nem mesmo seus melhores discos, aqueles que foram realmente inspiradores, podem devolver-lhe a capacidade criativa. Quando você se encontra naqueles dias, o melhor a fazer é qualquer outra coisa nada a ver com literatura. E se qualquer filme que você veja, programa televisivo que assista, site internético que visite, ou mesmo outra revista que leia, lhe trouxerem a inspiração, esqueça. Com um bom bloqueio criativo, você não pode se dar ao luxo de sentir essas coisas como inspiração.
É preciso curtir o bloqueio e aproveitar o momento inútil, pra fazer nada. Ficar horas olhando a televisão, até sentir os neurônios paralisarem por um breve momento. Aquela sensação suprema de estar desperdiçando qualquer momento especial de realização. De saber que poderia estar produzindo, reformando algum chuveiro quebrado, armário emperrado, ou parafuso solto que estivesse produzindo a angústia de não ter tempo pra fazer.
Os momentos de ócio trazem enorme prazer, se souber apreciá-los devidamente. É preciso estar atento a qualquer mudança, ou inspiração repentina - Ignore-os. Não deixe sua consciência detectar o desperdício, acredite ser de extrema importância as horas desperdiçadas no nada a fazer. Deixe o bloqueio criativo te levar até onde for, e faça de conta que não tem nada realmente a fazer.
Mas se você insistir na arte da escrita, vai deparar-se com momentos insuperáveis. Como a falta de conhecimento na hora do pênalti, e a certeza absoluta de que jamais vai saber porque escreveu o que não serve nem pra limpar sua bunda.
É bom ficar longe de qualquer atividade criativa, e aceitar o marasmo do bloqueio criativo. É bom ficar quietinho num cantinho escutando aquele velho The Layla Sessions com Derek and the Dominos, que você não ouvia a muito tempo. Pode ser o caso de você querer ouvir Hot Rats, ou New Tijuana Moods. O importante é ouvir aquele velho long play e abandonado na estante ao lado.
O bloqueio criativo é pra você antenar-se com o ambiente ao seu redor, e interagir com o dia, desperdiçando seu precioso tempo, com alguma coisa inútil. È Pra isso que serve um bom bloqueio criativo. Não pra ser temido, mas pra ser aproveitado em todas suas formas.
O essencial é tirar todo o proveito do bloqueio, enquanto puder. Que é pra quando voltar, venha descansado e com as forças revigoradas, produzindo mais que nunca, aproveitando o dia com fosse o último. Deixando toda aquela sensação de não sei o quê, enterrada e esquecida.
Por que o próximo bloqueio criativo, vai saber lá quando vai ser...
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