Alfredo,
Eu sei que tu não prestas. Sei que és safado, mentiroso,
enganador. Sei que a cachaça, as mulheres e o jogo são o
pai, o filho e o espírito santo da tua ladainha. Sei que nunca
estás lá quando eu preciso. E que não vais mudar
por mais que eu peça. Sei que no carnaval morri mil vezes por conta
dos teus caprichos. Quando sumistes com a piranha da Ercília na
Avenida sei bem aonde foram, sei bem fazer o quê. E ainda jogastes
charme pras peruas paulistas no camarote. Como se eu fosse invisível.
Como se não pudesse ver teu fogo com a Domitila. Tuas escapadas
com a Sharon, teu caso antigo com a Laurinda. Sei que trabalho é
coisa que sempre evitastes para não atrapalhar a sinuca e o carteado.
Sei que de todas as mulheres sou mais uma, embora digas que sou a principal.
Sei que estou condenada. Eu sei que já perdi.
Não sei porque meu corpo não esquece. Não sei porque
só tua pele me enlouquece. Não sei porque só tua
força me enfraquece. Não sei porque só tua boca me
sacia. Não sei porque só tua ginga me desvia do caminho
traçado que escolhi.
É o teu Não Sei Quê, Alfredo. Ninguém no mundo
tem igual.
Teu Não Sei Quê é minha perdição.
Mas quando eu descobrir o teu segredo, me aguarde na quebrada. Pois todas
as baianas vão rodar. E todos os tambores vão tocar.
Aí teu Não Sei Quê vira O que é Isto?
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