OS REIS DA TERRA:
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Marta Rolim

Ontem a Nasa lançou uma sonda espacial rumo ao centro da Via Láctea, onde mergulhará num fabuloso buraco negro. Na esperança de que a sonda "Open your eyes" esbarre em vida inteligente, inseriram um jogo de xadrez em sua memória. E ali, no tabuleiro quadriculado, os alienígenas verão nossa natureza excepcional. Sim, da inteligência à belicosidade; do espírito dominador e competitivo à falta de compaixão.

Talvez os extraterrestres custem um pouco a entender o jogo e tentem aprumar os Reis e rainhas, os cavalos, os bispos e as torres no meio do "salão", para uma dança festiva. E concluam que as rainhas gostam de bailar com os cavalos e os reis amam os bispos e as torres figurem como pequenos quartos disponíveis para os amantes desfrutarem de mais intimidade. Sabe-se lá!

Como os alienígenas não são tolos, logo verão que o propósito do jogo não haveria de ser tão singelamente romântico e experimentarão outras possibilidades. E daí, estarão a um passo de descobrirem que se trata de um modelo governamental. A figura maior, a de maior autoridade. A segunda figura, também alta, mas mais delicada, representando um poder aliado, e os bispos, altos, mas sem cetro e coroa, significando uma terceira força, de origem diferente. E os cavalos, por sua graça e vigor, serão lembrados como ímpetos corajosos, a um só tempo, protetores e desbravadores. Que esplêndidas criaturas, tão solidárias e criativas ao exercerem o poder e a liderança!

É, mas um dos extraterrestres, mais desconfiado e sagaz, haverá de questionar os companheiros e tranqüilamente posicionará as peças chaves nos seus respectivos lugares: um rei e uma rainha para cada lado, armados de cavalos de guerra, protegidos por torres de pedra, abençoados por bispos opositores de deuses diferentes, avançando pelo terreno, dispostos a tudo. Amém! Os "Via-lacteanos" custarão a acreditar que o tabuleiro e suas peças são a mais pura expressão da disputa que mora em nossos espíritos terrenos. Ficarão chocados com nossa engenhosidade beligerante, com nossa alma sedenta de cetros e anéis.

Mas calma, a sorte é que a Open também carrega para os confins estelares, um exemplar das Escrituras, daí terão a chance de ver que guerreamos sim, estupidamente, mas que também tentamos a paz. E verão a perdição de Salomão, o rei Sábio; o pecado de Davi, querendo Bate-Seba, enviando Urias, seu marido, para frente de batalha (uma peça sangra no tabuleiro); e, para nossa salvação, o Rei dos Reis cavalgando um manso jumentinho (em oposição ao cavalo) e pregando o evangelho. Ufa! Escapamos dessa, vencemos o jogo!

Tomara que os "marcianos" não queiram fazer uma visitinha de surpresa. Príncipe Charles posando de um lado; Rei Momo de outro; Bush maníaco; o Serra prometendo saúde e segurança; Roseana, a marionete mais simpática do país; e o Big Brother na TV... Estamos perdidos. O =|=> <=)(||=§

 


Obs: O =|=> <=)(||=§ é igual a "Xeque mate! Viva o Rei!"

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