ULISSES, O REI
DE DYVYNOPOLYS
Lucio Júnior

O rei Ulisses saiu de Dyvynopolys amaldiçoado pela Vênus Platinada. A deusa estava com inveja da felicidade do casal real divinopolitano; a Vênus encantou Penélope Charmosa, esposa de Ulysses, aprisionando-a dentro da TV, onde ficava girando eternamente numa corrida de fórmula 1. Desesperado, banido pela deusa, Ulisses saiu pelo oeste de Minas em busca do santuário da deusa, onde faria sacrifícios para satisfazê-la.

Ao chegar à cidade vizinha de Arcos, Ulisses procurou o santuário da deusa, mas se deparou com uma caverna. Ao adentrá-la começou a escutar os terríveis versos: "Suga a energia do planeta baixo astral!". Em meio a duendes estava Xuxirce, gritando e dançando sem parar. Ulisses tirou sua espada e interpelou a bruxa:

- Xuxirce, como vou tirar Penélope Charmosa da TV?

Sem responder, Xuxirce começou a tirar a roupa. Ulisses, tentado, viu os seios túrgidos e a penugem loira de seu sexo. Ao amanhecer na cama de Xuxirce, Ulisses a deixou e partiu para Pompéu. Xuxirce, furiosa, enviou uma nuvem de mosquitos da dengue para perseguir Ulisses na viagem.

Ao chegar em Pompéu, Ulisses viu que a cidade estava decadente, vivendo seus últimos dias. Resolveu procurar o tirano que era o causador daquilo tudo. Ao entrar em seu palácio, Ciclopelé se mostrou impaciente, pois Guilherme não conseguira fazer o centésimo gol no último jogo do Atlético Mineiro.

- Ele até foi substituído! Lamentou Ciclopelé com Ulisses, enquanto o som torturante berrava, na máxima altura, um verso de uma canção bizarra que dizia como refrão: "só não pode acabar com as muié/Nós é doido com muié/Nós não vive sem muié".

Ulisses, que detestava futebol, na mesma hora furou o olho do Ciclopelé, que deixou cair a toalha e foi para o vestuário. A seguir, roubou um dos carros importados do tirano e saiu da cidade aplaudido pelo povo, mas perseguido pelos guardiões do palácio de Ciclopelé: Romaryo e Daryo. Já no meio da BR, Ulisses se lembrou que não sabia dirigir. Parou o carro e foi cercado por Romaryo e Daryo. Vendido como escravo em Luz, uma cidade próxima, Ulisses conseguiu que o filósofo mais famoso do local, seu amigo Andrius Filipus, o comprasse e soltasse. Andrius em seguida consultou o oráculo e disse a Ulisses que o santuário da Vênus estava no Botanyk Garden, numa cidade distante chamada Ryo de Janeyro. Andrius também recebeu da pitonisa a seguinte frase: "No futuro, todo mundo será Che Guevara por quinze minutos". Andrius aconselhou Ulisses a retornar a Dyvynopolys. Ao pegar o ônibus, Ulisses bateu palmas para matar os mosquitos da dengue que insistiam em persegui-lo. Esse gesto fez sangrar um mosquito e desencantar a deusa Calypso Myranda. Ela dançou cantando com uma fruteira na cabeça, e Ulisses chorou, saudoso dos tempos em que vivia feliz com Penélope Charmosa.

Ao chegar a Dyvynopolys, Ulisses comprou um revólver e atirou na primeira TV que viu. E repetiu o gesto com todas as TVs da cidade, evitando assim ver Penélope Charmosa em seus eternos giros na corrida maluca e fazendo o sacrifício das TVs para a deusa. Acidentalmente, Ulisses atirou também na TV de Nerykus, filósofo e vice-rei de Dyvynopolis. Assim, Nerykuys pôs fogo em Dyvynopolys, para desespero de Ulisses, enquanto cantava uma canção de Bob Dylan:

Às vezes você tem que fazer como Elvis fez
Dar tiro na TV, acabar com tudo de uma vez.

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