VIVA O
REI
André Koloszwa
Ele era o rei. Ele tinha de tudo. Mulheres, palácios, riquezas. Nunca conhecera a pobreza, excetuando aquela que o cercava e nunca lhe escapara aos olhos. Era homem belo, jovem e saudável. Tinha tudo para ser feliz.
Viva o Rei!
Ele era o rei. Tinha tudo para ser feliz. Mas não era. Sua vida era monótona, solitária e fria. Seus pequenos prazeres se restringiam ao sexo, às bebidas e aos seus cigarros. Entretanto, nunca deixou transparecer suas fraquezas. Todos o tinham por homem impoluto.
Viva o Rei.
Ele era o rei. Um dia, cansou-se de sua vida. Juntou algumas roupas, colocou-as em uma mochila e sumiu. Para onde fora? Passaram-se dias, semanas, meses, anos. Seu reinado passara a outras mãos.
Viva os reis!
Ele era o rei. Mas não parecia. Chegou à porta de seu castelo, depois de passar muito tempo entre seu povo. Conhecera a miséria, abraçara a pobreza. Barba por fazer, roupas sujas e novos ideais formados. Quem era aquele homem?
Viva o Rei?
Ele era o rei. Alguns súditos o reconheceram. Mas os atuais governantes, não. Ao descobrirem que ele voltara, devolveram-lhe o trono. Mas nada era como antes. O rei tinha planos para seu reino. Queria um lugar de paz, prosperidade e igualdade. E isso implicava no fim de suas mulheres, seus palácios e suas riquezas. Sabia ele que o maior prazer estava na felicidade de outrem. Mas isso não era bom à aristocracia. E por isso, tentaram tirar o reinado de seu controle.
Rei, não viva.
Ele era o rei. Perdera seu poder durante a ausência, mas ainda era o rei. Começara mudanças radicais em seu novo reinado. Nada parecia capaz de impedi-lo. Mas impediram. Um tiro acertou-lhe em cheio o peito, durante uma caminhada entre seu povo. Tomaram nos braços aquele que se tornara um deles. Mas já era tarde.
Viva, ó Rei!
Ele era o rei. Mas estava morto. Rei posto. Suas mudanças no reinado se dissiparam como nuvens ao vento, e tudo voltara a ser como antes, exceto pela sua presença. Todos se lembram do rei. Todos se inspiram no rei.
Viva o Rei!
Ele era o rei. Conheceu a riqueza, conheceu a pobreza. Mas quando tentou eliminar ambos, eliminaram-no. E assim, o reino continou o mesmo. Novos reis vieram, novos palácios foram contruídos. E o rei, ah...! Ainda era O Rei. Mas apenas isso.
Vivam os reis...
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