DESTA VEZ
É QUARTA-FEIRA
Flora Rodrigues
Desta vez o tema é quarta-feira, podia ser segunda ou terça-feira, podia falar de um milhão de coisas desde da invenção do calendário, das várias formas que o Homem encontrou para tentar contar, nomear ou tornar palpável o tempo. Mas não é do tempo, nem do Calendário que eu tenho que escrever qualquer coisa que faço sentido, que tenha o mínimo de interesse, é sobre Quarta-feira, e eu nem sei bem o que hei-de escrever.
Só sei que pelo menos na madrugada desta quarta-feira (sim, porque é madrugada, e já é quarta-feira há pelo menos vinte e quatro minutos) eu estava sentada na frente do meu computador a tentar escrever algo sobre ela. Não sei bem porquê, mas por norma gosto da quarta-feira, talvez por ser o meio da semana, mesmo que seja o dia mais trabalhoso que tenho e que nas últimas semanas insistam em marcar reuniões todas as quartas, de forma que de há quinze dias para cá, não conseguia chegar a casa antes das dez da noite. Mas nem por isso deixava de ser aquele dia da semana que parece anunciar: "OK! Metade já está. Só faltam dois dias para o Fim-de-Semana". Pode parecer tolice, mas é exactamente o que me ocorre todas as Quartas-feiras.
De há uns tempos para cá, Quarta-Feira também se tornou um dia especial. Tenho um compromisso especial, todas as quartas termina o prazo de enviar o texto para os Anjos. Não, não se trata de escrever cartas para o paraíso ou talvez seja. Se não fosse esse compromisso, talvez, eu tivesse já deixado de escrever por preguiça ou desalento, mas eu aceitei o desafio de livre vontade, e por isso sinto que não devo voltar atrás. Todas as quartas eu sei que tenho que esse compromisso para cumprir e isso faz com que me obrigue a exercitar a minha mente, a sentar-me em frente ao teclado para escrever, para me aperfeiçoar, porque se torna cada vez mais estimulante voar nesse paraíso literário, onde esvoaçam anjos muito mais brilhantes que a própria prata. Sim, e não é o ouro que reluz nesse espaço, mas sim o talento, a originalidade e a sabedoria; e de quarta-feira para quarta-feira, eu sei que tenho de exercitar as minhas "asinhas" para poder aprender a voar tão livremente como esses anjos. Para que um dia chegue a quarta-feira esperada e o meu dilema não seja não saber o que escrever sobre quarta-feira ou sobre outra coisa qualquer, mas sim não conseguir parar de escrever.
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