HOMENS,
CUIDADO COM A MARRETA
May
Parreira e Ferreira
São mulheres se não bonitas, interessantes, profissionais de sucesso, reunidas num ambiente agradável, copo na mão a brindarem o sucesso.
Novela das sete, Desejos de mulher, escrita por Euclydes Marinho, deve deixar os homens loucos. Está certo que novela é sempre igual, que a trama obedece ao: mocinha que ama mocinho, que perde mocinha, que recupera mocinho no final. Está certo que existe a intrigante pergunta: uma mulher deseja o quê? Está certo também que vivemos dias de recessão econômica, mercado de trabalho estreito. Mas, sinceramente, se eu fosse homem, estaria tremendo sobre meus joelhos com a idéia defendida pelo Sr. Marinho, de mulheres que levantando os copos bradam: Homens, marreta neles. Sem-querer-querendo, um discurso no mínimo machista.
Mulheres não amadas, vingativas, dizendo-se usadas, querem os homens a seus pés. Provavelmente o autor vai fazer com que sofram e se arrependam, vai dar uma lição nas desinfelizes, a começar pela personagem de Sílvia Pfeifer que já se encantou com o Zé Wilker sem saber que ele (personagem) é gay. Triste isso, e é isso que vende.
Sei que a sordidez faz parte da natureza humana, mas fazem parte dela, também, outros tantos itens para estesias diversas, assim como existem bons autores, bons roteiros, gente pensante além dos espelhos globais.
Por uma época em minha vida, eu tive uma amiga. Bonita, divertida quando estava bem, sensível à arte. Levou o fora do marido, teve alguns romances que não deram certo com homens abrutalhados e infiéis. Certa vez eu a apresentei a um conhecido. Ela, estendendo a mão, disse "Prazer, meu nome é Maria, odeio homens". Ele sem graça respondeu "Eu também", e a possível paquera acabou naquele momento. Algum tempo depois eu me casei, nunca mais a vi, mas sei que ainda está sozinha. Ela culpava outrem pelo seu sofrimento, nunca pensou qual a sua contribuição para os desfechos dramáticos de suas relações, como o macaco que enrola o rabo no galho e critica o tamanho do rabo alheio.
Conhece-te a ti mesmo, tão clichê, tão fora de moda esta frase do filósofo. Todo mundo sabe, mas ninguém entende.
Uma historinha bastante boa, com charme e simpatia, seria a de um homem e uma mulher que se conhecem, se descobrem e se amam, não para toda a eternidade, mas em todos os dia de suas vidas. Mas essa história não dá ibope nem vende sabonete.
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