SUPOSIÇÕES DO FIM
Marta Rolim
O tempo tem fim. Fim. Time Off. O tempo tem fim, assim como teve um dia o seu glorioso ou insípido princípio (tic-tac!). Stephen Hawking, aquele brilhante cientista que sofre de uma grave doença degenerativa, chegou a esta conclusão: o tempo tem fim e um dia realmente acabará. Suponho que ele esteja certo, ou não. A gênese do tempo-espaço no incrível movimento gerado pelo Big Bang, produzindo um estrondo de matéria, luz, calor, deslocamento e... TEMPO. O Tempo nascituro no espaço sideral.
Talvez Hawking possa ter vislumbrado esse fim do tempo, temido e negado, porque sinta na pele a fragilidade da existência.
A finitude dificilmente nos agrada, queremos o oposto, a transcendência eterna. Desejamos SER para sempre, projetamos o além sem parar - o convidativo futuro, misto de sonho e realidade. Desejamos o gozo do presente. No Stop. E o fim do tempo pode nos parecer mais desconfortável e ameaçador do que propriamente absurdo.
E nas savanas africanas e nas avenidas de New York ou São Paulo, o ciclo da vida teima em nascer e morrer e o SER e o ESTAR seguem seu inexorável rumo. E quando todas as estrelas se apagarem e as singularidades de densidade infinita tiverem sugado toda a luz e se consumido no cosmos, o tempo não mais existirá...
Contrastando com o fim objetivo e surreal do universo, enquanto conjunto que se decompõe - ciranda de galáxias; estrelas anãs, gigantes, vermelhas; planetas e luas; satélites naturais, e alguns ínfimos, artificiais; poeira cósmica; cometas; buracos negros; forças gravitacionais; campos eletro-magnéticos; ciclos conhecidos e desconhecidos - eis que há o Ser Humano como um Projeto Infinito. Leonardo Boff conclama e nomeia este ser humano, ser utópico, em seu livro Tempo de Transcendência.
É esta criatura, humana criatura, terrena e astronauta, que sonha e cria sonhos, roça o infinito e o eterno, ousa catapultar-se à condição de movimento sem fim, que vê o agora e o depois, que supõe e inventa, se não o fim, começos e recomeços. E se a limitação ou a grandeza do existir nos assusta ou fascina (tic-tac-tic-tac-tic-tac!), que seja eterna enquanto dure. The End.
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