A ESTRÉIA
Luciano Cesar Cunha

Quantas vezes QUASE! E não saía disso. Não era NEM ISSO, NEM AQUILO. Nada! Sempre envolvido com meus PECADOS CAPITAIS, costumava ligar o PISCA ALERTA, pular pra fora e tomar um ar puro. Era doce a ilusão de querer colocar em ordem meus PENSAMENTOS IMPERFEITOS, arranjá-los com TEIA, ARANHA E INSETOS CAPTURADOS. Porém assim é a mente, LAVOU, TÁ NOVO. Cansei-me de pré-viver LÁ FORA, quero me livrar dessa INSÔNIA. QUERO CARINHAS! Não pretendo acabar comprando o último ALICATE no FIM DA FEIRA. Então, olho de SOSLAIO. Desculpe, amigo, mas o que é UM PÚCARO BULGARO? Bem agora, que está próximo o CARNAVAL, FAZ DE CONTA que AMORES ILÍCITOS não existem. Decido abandonar a PERFEITA SOLIDÃO, decido MORRER DE AMOR. Aprendo COMO EVITAR UM HOMEM NU. Dou ao MINDINHO do PASSARINHO uma chance única, servida em um prato de GENGIBA com canela. De repente, já existe uma LIGAÇÃO PERIGOSA. NO MEIO DA ALEGRIA, sem DISFARCE, deixo de andar NA CONTRAMÃO, me seduzo pela EMBRIAGUEZ das palavras, faço dos temas a minha COMIDA, colho um por um neste LABIRINTO, escrevo sem PARÊNTESES. Não me agrada mais a MEIA PALAVRA, faço uso do meu novo CÓDIGO. Uma FOLHA após a outra, escrevo sem nenhuma MENTIRA. O INIMIGO ÍNTIMO, meu SÓSIA, minha sombra, me faz temer a PERDA, mas ZAP!, revido e cá estou a escrever pra VIVER, DEIXAR VIVER. O chão não é mais uma PEDRA FALSA. Escrevo livre, TEMA LIVRE, aceito a sua SUGESTÃO. Um BEIJO nos seus OLHOS VERDES é como "BOA NOITE, MARIA, pode dormir tranqüila, já passou a tempestade". E eis aqui a SUPOSIÇÃO: imagine que eu "comprei" o CALENDÁRIO, dei um salto, enganei o TEMPO, pra poder fazer desta a minha estréia.

CARPE DIEM!

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