RELACIONAMENTOS
Ana Carolina Boccardo Alves
ELE:
Quando eles se conheceram (pelo telefone), ele pensava que ela era inteligente, divertida, desencanada, independente e - provavelmente - bonita. Não queria compromisso, era novo e queria curtir a vida. Ainda morava com os pais e tinha uma banda de rock, fazia faculdade e não levava nada muito a sério. Para ele, mulher era sinônimo de beijo na boca. Conversar era para quem tinha compromisso.
Com ela, o papo rolou, o interesse pintou e eles se encontraram. Iria sair com uma mulher mais velha e achou que ela era madura o suficiente para entender que, para ele, qualquer relacionamento (amizade, caso, paquera, sei lá) tinha que ser nada mais que superficial. Sem compromisso, sem interesse.
No primeiro encontro, ele já supôs que ela era carente - o jeito de se comportar, a meiguice, a voz, o olhar. Não gostou, queria aquele alguém que tinha suposto na primeira vez.
Nas outras vezes em que se falaram (pelo telefone) ele supunha que cada coisa que ela falava era para prendê-lo. Supôs que ela queria amarras, que ela queria a mais, que ela queria muito mais. Ficou irritado. Quando tinham combinado de sair pela segunda vez, desistiu na última hora e avisou que ela estava pegando no pé.
Nas outras vezes em que continuaram se falando (ainda via Telefônica) ele continuava supondo que tudo o que ela falava ou fazia era em função dele. Todas as frases, o tom de voz e até mesmo seus pensamentos estavam voltados para ele. Isso o fez fugir cada vez mais dela, até fazer com que ela desistisse.
ELA:
Quando eles se conheceram (pelo telefone) ela pensava que ele era inteligente, divertido, desencanado, independente e - provavelmente - bonito.
Não queria compromisso, era nova e queria curtir a vida. Morava sozinha, tinha paixão por MPB antiga, fazia pós e já tinha sido noiva. Para ela, homem era sinônimo de beijo na boca. Mas conversar era requisito essencial para que o restante rolasse.
Com ele, o papo rolou, o interesse pintou e eles se encontraram. Era o primeiro cara mais novo com quem ela saía e ela achou que ele era maduro o suficiente para entender que, para ela, qualquer relacionamento (amizade, caso, paquera, sei lá) tinha que ter uma pitada de sal e pimenta, de interesse pelo outro. Sem compromisso, mas com interesse.
No primeiro encontro, ela já supôs que ele era sensível - o jeito de se comportar, a meiguice, a voz, o olhar. Gostou, pensou que era melhor do que tinha suposto na primeira vez.
Nas outras vezes em que se falaram (pelo telefone) ela supunha que cada coisa que falava aumentava o companheirismo dos dois. Supôs que ele gostava de conversar e que poderia dar mais, bem mais. Ficou feliz. Quando tinham combinado de sair pela segunda vez, levou um fora e ficou pensando o porquê.
Nas outras vezes em que continuaram se falando (ainda via Telefônica) ela começou a perceber que ele estava diferente. Tentou descobrir o que era e supôs que o incomodava. Quis que ele a entendesse, porque gostava dele. Ele não entendeu e ela desistiu. Afinal, tinha suposto que ele era um cara legal. Mas foram só suposições...
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