FUTURO
DO PRETÉRITO
François Porpetta
A eternidade é
algo assim como... sempre é hoje! Ontem é hoje e amanhã
também é hoje, que por sinal também é hoje. O presente do
indicativo é a única conjugação verbal possível. Por isso,
de vez em quando - outra expressão sem sentido na eternidade -
damos uma "fugidinha" para a Terra do Tempo, para
podermos explorar novas conjugações verbais, por exemplo.
François Porpetta - 1600/1647
Sinto meus pés atados ao chão.
Chão que corrói,
que fere e esfaqueia,
que dissolve meus pés!
Atado ao chão que me fere,
mal consigo mover-me, mas se pudesse quereria.
Voar, quero voar!
Voar como um pássaro sem necessidade de pousar,
só para não ter de encostar meus pés nessa terra que fere!
E daí que meus pés ardem, queimam e se dissolvem?
Tenho minha cabeça que ferve de tantos pensamentos!
Ainda tenho minhas mãos e um computador para escrever.
E se isso não tivesse,
nem mesmo de um papel e um lápis dispusesse,
escreveria em minha mente.
Pensaria com toda a força possível ao pensamento,
com a força monumental e livre deste momento!
Deixaria aqui minha marca
escrita em pensamentos,
disponível para todos os tempos.
Aos meus similares,
aos meus pares da raça humana,
aos meus companheiros nessa luta sem prêmios,
aos nossos anônimos gênios,
aos nossos pensadores vorazes,
famintos de estradas, azes!
Estrelas, sóis, cometas,
nebulosas, quasares,
brilhai nas mesas de todos os bares,
voai nos ventos de todos os ares!
Ouvi, incautos...
Escutai no silêncio da noite...
São meus os passos que os quereriam proibidos!
São meus os pensamentos que os quereriam impensados!
Serão minhas as conquistas que as quereriam inatingidas!
São nossas as chamas dos amores que as quereriam apagadas!
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