LONGA
ESPERA
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Juraci
de Oliveira Chaves
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De
um lado o riacho e do outro a mata densa, selvagem e perigosa.
Sobre um tapete de relva verde Leonardo aguardava sem pressa, apesar das incertezas, o momento tão esperado. Era sempre assim, desrespeitando os costumes de uma época rígida. Um barulho de pisadas entre as folhas secas. Assustou-se ao perceber não ser ela. "Como demora!" pensou Léo. Poderia ser tudo mais fácil, mas não encontrara permissão para aproximação, muito menos, para cortejar a pérola única da casa. Era um privilegiado por ter recebido dela, o beijo mais doce, mais desejado. Doce e longo beijo aquele primeiro. "Sim, fui o primeiro. Ela tremia em meus braços, aconchegava forte, como se tivesse medo" pensava Léo dando vazão ao tempo. "Por que demora tanto?" Ansioso levantou-se, tentou alcançar com a visão, a silhueta amada, distante. Nada. Só a fumaça, lá longe, na chaminé. Ela nunca havia demorado tanto desde o dia em que delimitaram aquele local como o preferido. "Virá. É só esperar, nunca falhou" - confirmava a si mesmo contradizendo as evidências. Olhou no relógio de bolso e espantou-se com a evolução das horas. Precisava parar aqueles ponteiros. Queria ficar com ela mais tempo, acariciá-la, beijá-la.... Andava de um lado para o outro, fumando o último cigarro. Jogou com força o maço vazio no chão, amassando-o com o bico da botina, com raiva. "Como demora"- repetiu. - Socooorro! "Que gritos são estes? Alguém está gritando! Não pode ser ela. Sabe onde a espero." Por instantes Léo olhou novamente para o infinito da mata. Havia um vaivém de pássaros, a bater asas, retornando ao pouso. "Não virá mais. Está tarde. Talvez não conseguiu driblar os bigodes volumosos e ásperos, do pai." - Léeo! O eco ressonou agudo e triste guiando o rapaz em disparada, em direção à amada. No picadeiro, a relva verde mudara de cor. Roupas estraçalhadas por dentes pontiagudos, espalhadas no quadrante local. Léo fora tomado por um desespero alucinante quando entendeu o que se passava. Seus sonhos acabaram ali. Enraivecido bradou: "Esta será sua última vítima, maldito animal." |