"No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e a face de Deus se movia sobre as águas".

A história da criação está narrada no livro do Gênesis, na Bíblia. Considerando que o Brasil é o maior país católico do mundo e por isso todos sabem o que é a Bíblia, eu sigo adiante... E disse Deus:

- Haja luz!

E houve luz.

Estando a terra toda iluminada - e sem risco iminente de apagão, Deus pode enxergar a linha do horizonte e perceber o quanto esse mundão era vazio. Milhares de quilômetros quadrados, aliás, redondos, sem nada, nenhum movimento! Ele então criou as plantas e pintou-as de verde. Mas era muito verde para um só Deus, que soube imediatamente da utilização dessa cor por um time do Parque Antártica - Ele já praticava a onisciência nas horas vagas, e tratou de inventar outras cores e coisas. Entre as novas coisas estava o porco. O Criador em Sua onisciência iniciante também previu que o porco seria o símbolo do time de verde e inaugurou a infinita misericórdia tentando dar um destino mais digno para Sua criatura. O Todo-Poderoso não obteve êxito nessa tarefa, então, frustrado pela primeira vez na história da criação das coisas, classificou o tal animal como impuro, confinou-o na lama e foi criar melhores coisas para habitar a face da terra. Ao final de várias tarefas era o sétimo dia e Deus descansou.

No oitavo dia pela manhã Ele percebeu que as coisas estavam fora de controle. O macaco, tentativa número 1.786.456 de melhorar o porco, comera do fruto das cucurbitáceas e se transformara à Sua revelia! Inclusive, além de se alimentar das aboboreiras o mutante já emitia grunhidos inteligíveis. Restava ao Criador dar um retoque, re-classificar a nova espécie e espalhar que era ação propositada. Deus tirou aquele macaco esquisito do meio do barro (ainda era meio porco), soprou o bicho e disse:

- Haja alguma evolução!

E houve o torcedor do time do parque antártica, o Homo Porcus. Popular: Palmeirense.

Viu Deus que aquilo não era evolução e cogitou destruir a criatura, mas as ramas das aboboreiras se espalhavam por todos os lados sem nenhuma utilidade aparente, Ele percebeu que se destruísse o Homo Porcus seria necessário desenvolver outro predador para as abóboras. A onisciência estava dando sinal de ocupado e Deus não conseguiu visualizar o ponto culminante nesse assunto. Antes que o sinal voltasse a funcionar já era o décimo quarto dia, Ele descansou novamente e esqueceu o assunto. Ao despertar do seu segundo e merecido descanso o Criador deu seqüência ao projeto de criar algo análogo a Sua imagem e semelhança. Demorou uma eternidade, mas Ele conseguiu. No ano de 1910 (Depois de Cristo), Deus concebeu o Corinthians e seus torcedores, dotando essas criaturas com um apetite voraz por títulos do campeonato Paulista e também por leitão.

O Criador se alegrou de sua obra e, em sua onisciência - plenamente desenvolvida, soube que por força de contrato com a editora um Corinthiano (torcedor do Linense), seria obrigado a escrever um caso de amor pelo time do Parque Antártica. O livro seria transformado em filme, com a Luana Piovani protagonizando e tal, mas enfim, como todo o resto seria bom, decidiu não levar adiante a intenção de varrer os palmeirenses de sobre a face da terra. No entanto, de alguma maneira o Todo-Poderoso sentiu necessidade de mostrar o seu repúdio para com o porco. Era o final atribulado de outro dia múltiplo de sete quando Deus, com um risinho sacana - porém sagrado, eliminou o palmeiras de mais um campeonato e descansou.