SALA
DE ESPERA
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Ana
Cristina Geraldini
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Passam
segundos, minutos, horas! A apreensão de quem está numa sala de espera é
latente. Não importa o que se espera, mas as caras são sempre as mesmas.
Pessoas passam para tomar café, você acha que agora vai ser chamado e nada.
É certo que algumas salas de espera são piores do que outras.
As de dentistas, por exemplo. Aquele motorzinho gritando lá dentro enquanto você folheia uma revista e pensa em como o coitado está sofrendo, e que você será a próxima vítima. Salas de espera de maternidades normalmente são uma festa. Pai, avós, sogros, tios, todo mundo esperando o rebento. Tem maternidades que até colocam um telão na sala de espera, onde logo após o primeiro choro aparece uma manchete especial com a vinheta de "notícia urgente" e a imagem da carinha do bebê. Vira aquela choradeira. No momento estou em uma sala de espera, aguardando para fazer uma entrevista. No sofá uma loirinha com carinha de Barbie - concorrente, lógico. A telefonista, logo ali na frente, fica entre Patrícia, Bom Dia, telefonemas pessoais e convites para o chá de bebê. Está grávida de sete meses e o filho vai se chamar Charles. Já falou com três amigas, uma que tirou da cama com a ligação, outra que está desempregada e a terceira que tomou um calote do ex-namorado. O departamento de Informática fica do lado direito, com seus funcionários muito quietos e concentrados nos seus computadores, como em quase todos os departamentos de informática. À minha direita há cerca de cinco paredes, todas vazadas por vidros pelos quais posso ver a cara dos entrevistadores. Lógico que tem o cafezinho ao lado do garrafão de água sem gelo, concorridíssimo. Um senhor veio servir-se três vezes nos últimos 30 minutos. Viciado. O tempo passa e nada de chamarem. Tenho uma amiga que chegou a ficar quatro horas (isso mesmo!) aguardando para ser atendida pelo advogado no seu primeiro dia de estágio. Eu teria desistido logo. Ela foi contratada, mas ficou apenas alguns meses no estágio e concluiu que perdeu quatro horas de sua vida num sofá. Essa situação é totalmente nova para mim. Ao terminar uma entrevista eu nunca sei se fui bem ou mal. Os entrevistadores ficam sempre com aquele sorriso grudado na cara e passando a impressão de que você está no lugar certo na hora certa. Pior, garantem retorno, quer seja com uma resposta boa ou ruim. Nunca retornam. Por enquanto fico aqui, faço cara de paisagem e espero, torcendo para que as minhas concorrentes não se saiam tão bem quanto o esperado e que, desta vez, eu receba um telefonema amanhã, o prometido retorno, em que me avisem que a vaga é minha. |