SEMÁFORO
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Eloi
Xavier
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Sinal
vermelho, paro o carro. No rádio, uma velha canção de Luiz Melodia: "O
pôr do Sol / Vai renovar brilhar de novo seu sorriso / e liberta da areia
preta e do arco-íris / cor de sangue, cor de sangue, cor de sangue / cor
de sangue".
Ao meu lado, um carro prateado. Da janela, observo que sou observado pela bela morena do carro prateado, dona de grandes olhos verdes. Um sorriso tímido é retribuído. O sol a pino ofusca nossos olhares. Estendo a mão para esconder o brilho do sol. Seus olhos verdes escondem algo que não consigo decifrar. Os segundos são eternos no brilho do seu olhar. Ela acena em gesto de despedida. As despedidas tem um gosto amargo de abandono. O nó no peito me entristece. Sinal verde. Poderíamos ter sido felizes. Sonhos desfeitos por buzinas de carros apressados. Do retrovisor, um senhor gesticula em minha direção. Tínhamos tanta coisa em comum. - Qual seria sua canção favorita? Seu perfume? Seus olhos verdes me diziam tanto e não me diziam nada. O motor do carro pára. Meu coração parecia ter parado também. Os carros desviam-se do meu, em disparada. Sinal amarelo e vermelho de novo. O dia fica sem poesia. O carro prateado havia partido, levando os olhos verdes consigo. Consigo ligar o carro. Sinal verde de novo. A cidade é gigantesca, tenho muito semáforo para encontrar aqueles olhos verdes novamente. |