Sabe como é, o Banco Central não pode ficar emitindo moedinhas para não estimular a inflação. E se elas não estão circulando é porque o brasileiro é muito folgado e guarda suas moedas em casa. Logo, é preciso combater a folga desde o local de trabalho. Uma bela caneta serviria de contrapartida nessa iniciativa tão patriótica.

O problema é que a campanha interna da empresa não surtiu muito efeito.

Não sei como é com vocês mas, na casa do meu amigo bem intencionado não há moedas sobrando. Não minha também não. Temos até uma caixinha reservada para as moedinhas, mas raramente sobra alguma. Quando sobra, Dona Beatriz usa para comprar pão e leite pela manhã. Isso quando eu mesmo não surrupio os trocados para comprar cigarro.

Mas deve ter alguém que guarde as moedinhas, ou não haveria esse tipo de promoção. Perguntei a outros amigos e eles também não têm moedas em estoque. Dizem que gastam tudo cada vez mais cedo. O salário já não dá conta do mês há um bom tempo.

Cheio de espírito pró-ativo, meu amigo decidiu fazer a sua sugestão. Por que a empresa não oferecia um reajuste de salários? O efeito seria imediato, garantiu ele. Os funcionários teriam moedas de sobra e colaborariam com o esforço institucional com quilos de centavos. Nem precisaria de canetas como brinde.

Ele se dispôs, inclusive, a inverter a promoção. Brindaria a empresa com uma caneta para cada 30 Reais de aumento do seu salário. Uma troca justa. Para 3.000 Reais de reajuste, por exemplo, ele ofereceria 100 canetas para a empresa. Gastaria, calculemos por alto, 200 ou 300 Reais e ficaria muito feliz em poder ajudar fazer troco.

Mas parece que não entenderam muito bem a sugestão, porque ficaram bravos com o meu amigo. Deve ser um problema de despreparo das lideranças nas empresas de hoje em dia! Assim não há clima organizacional que agüente.