PRATO DO DIA
Marco Aurélio Brasil Lima
 
 
Ele abriu a porta do lugar e junto dele entrou uma nuvem de poeira quente do deserto.

Olhou em volta com gravidade, olharam para ele com curiosidade.

Andou até a mesa embaixo do ventilador de teto e sentou na cadeira de madeira. Em seguida, limpou a testa com um lenço encardido.

Um sujeito grandalhão, com uma calça suja e uma camiseta velha, que deixava aparecendo o umbigo, de mãos muito grossas e peludas e que tinha um afundamento no lugar do olho esquerdo saiu de trás do balcão e aproximou-se.

- O que vai ser?

- O que você me sugere? ele perguntou guardando o lenço no bolso.

O sujeito trocou olhares com os caras da mesa do canto, e então respondeu:

- Pato.

- Ótimo! ele disse e o grandalhão se afastou. Quando é que poderia imaginar que comeria pato por ali? Começou a sentir um bem estar interior, uma coisa boa, que exigia que sorrisse. Amoleceu o corpo na cadeira, tomou o paliteiro nas mãos e tentou tirar um lá de dentro.

Quando finalmente conseguiu, sorriu satisfeito. Aí sentiu a pancada na parte de trás da cabeça e enquanto tudo escurecia e girava, ouviu umas risadas.

 
 
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