DIAMONDS
ARE GIRL'S BEST FRIENDS
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Viviane
Alberto
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Foi
Marilyn Monroe quem disse isso. Os diamantes são os melhores amigos das
garotas. Se fosse pra valer, eu não poderia concordar. Nunca coloquei os
olhos, quiçá as mãos, num diamante verdadeiro. Estaria pobre de marré-marré
em matéria de melhores amigos. Ainda bem que não é exatamente assim...
Amigo é uma coisa estranha, se a gente parar pra pensar. É natural, é na lata. Você nunca viu o sujeito mais gordo na vida e, de repente, parece que nunca saiu de perto dele. Amigos são bons assim. Pra tudo. Quando criança, não tive muitos companheiros de estripulias. Era o tipo de menina que se dava bem brincando com as formigas, tirando seiva de um cactos que minha avó tinha plantado num vaso. Tinha também o problema dos apelidos ridículos. A infância pode ser uma fase muito cruel pra quem se incomoda com isso e eu odiava os meus e os dos outros. Sinceramente, eu não suportava as outras crianças. Mas a juventude exige companhia e eu tratei de tomar um banho mínimo de sociabilidade, o suficiente pra entrar numa turma. E de uma tchurma pra outra é um pulo até que você encontra aqueles amigos que, você sabe, sente, serão pra toda vida. O que eu mais gosto é não ter que explicar nada. Amigos são ótimos tradutores. De fisionomias, de tons de voz. A gente diz que não e ele sabe que é sim. A gente diz não sei e ele tem certeza que a gente já está cansado de saber. A gente diz não vou e ele já está buzinando no seu portão. Os amigos entendem das coisas. Das nossas coisas. Entendem tanto que uma das minhas amigas é craque em curar Depressão. Uma vez eu estava mal, muito mal. Num daqueles dias horrorosos, com nuvenzinha negra e tudo. Desfiei meu rosário entre um suco de abacaxi e uma empada e ela lá, ouvindo. Quando terminei a novena e olhei pra ela com aquele olhar de e então, o que você acha?, ela saiu com a brilhante frase: - Vamos comprar um sapato? Não é maravilhosa essa criaturinha? Me fez perceber o quanto meus problemas eram pequenos, que a vida continuava e que eu precisava de um sapato novo pra seguir meu caminho! E aquelas perguntas que a gente faz, já denunciando a resposta que QUER ouvir? - Você acha que eu engordei? - Meu cabelo está um lixo, não está? - Ele(a) não presta, não é? - Será que eu vou conseguir? - Gostou? Eles sempre acertam. Não porque saibam tudo, mas, na hora, só de olhar, advinham o que a gente está precisando e nos dão de presente. E os telefonemas? Não sei como eram as amizades antes de Graham Bell, é difícil imaginar. Amigo que é amigo adora um telefone. Horas. Eu disse horas! E sempre é pouco, sempre fica algo por dizer. Mas pra isso têm os e-mails. E com os mails vêm os amigos virtuais. Mais um monte de gente querida, que a gente vai pescando na web e levando pra agenda pessoal. Dalí pra rodoviária, pro aeroporto, pra mesa do bar, enfim, pro coração da gente. Quer saber, amigo é bom demais e todo mundo tem que ter! Ta certo que na vida, do jeito que está, nessa época onde o Homem tem cada vez mais dificuldade em manter a cabeça erguida, devido ao peso da sua consciência, é muito mais fácil encontrar pedras falsas do que diamantes. Brilha, brilha e quando você vai ver não é ouro, é pirita. A gente sobrevive até aos amigos da onça. Só não sobrevive a solidão. Mas tenho certeza de que você também tem alguém pra dividir um chope. Ou dois. E uns pastéis. Trocar cartões no Natal. Por mais vulnerável que a gente se sinta quando tenta estreitar os laços, a gente tem que insistir. Riqueza, beleza, poder, são valores muito efêmeros. Carinho de amigo, não. Coitada da Marilyn, que aparentemente achou que tinha tudo que precisava quando se viu cercada pelos diamantes. Acabou sozinha num quarto bonito, esperando o Presidente ligar. |