JUJUBAS
Suzi Stimpel
 
 
Tá certo! Sei que sou quarentona, mas já tive 20 e, por incrível que pareça, 18 também.

Quando eu era pequena, tomava Tubaína, porque Guaraná era coisa de rico e Coca-Cola, só de estrangeiro. Mas, com tudo isso, aprendi um monte de coisas. Essas coisas que somente o passar do tempo confere a nós, míseros mortais: atitudes maduras. É isso mesmo, cheias de responsa!

Agora há pouco estava conversando com uma garota - 21 aninhos, olha só que beleza! - que trabalha comigo no escritório, supergente-fina!

O lance era se o grupo islâmico fundamentalista Tabiban entrega ou não o Bin Laden aos Estados Unidos. Será ou não uma guerra?

A colega disse "bem-feito", que "os EUA precisam aprender".... "que o presidente tal e coisa".... Mô revolta. É claro que eu entendo! É o que eu tava dizendo: já tive essa idade.

Isso se chama ideologia. Acreditar com fervor em algo e lutar por isso. Ela move a gente. Ela nos impulsiona. Ela garante que seguiremos em busca de nossos sonhos.

Mas ela também nos faz tropeçar, julgar apressadamente e não ter nenhuma empatia, aquele negócio de se pôr no lugar do outro. Somente nossa voz quer ter força.

Ideologia faz bem. É deliciosa como jujubas, aquelas balinhas que parecem um pedacinho colorido de minhoca.

Agora, com quarenta anos e depois de um histórico de adolescente rebelde que saiu de casa com 17, militou em partidos da oposição, usou roupas hipóides, eu prefiro somente as jujubas. Quanto à ideologia, a minha é viva e deixe viver.

O livro sagrado dos muçulmanos, o Alcorão, não diz nada do que o grupo Taliban apregoa. Se há brigas pela posse de Jerusalém é por que não se acredita que Deus quer que amemos nosso próximo. E se os norte-americanos defendem com unhas e dentes sua pátria amada e por que outros países rendem-se às quinquilharias importadas, em vez de valorizar seu produto nacional ( qualquer similaridade com atitude de muitos dos brasileiros não é mera coincidência).

Nesse jogo político, ninguém parece ter razão. Quem mata um garoto de 12 anos que está abraçado a seu pai é louco. Quem acredita que se morrer como um kamikaze vai direto para Alá, também. E quem tem síndrome de Tio Sam e pensa que pode dominar o mundo, deveria gostar mais de jujubas.

 
 
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