A
CAÇADA
|
Elvis
Xavier
|
Às
vezes morar na cidade não é tão mal assim, às vezes podemos ser mais civilizados
e valorizar o que outros possam achar que não valorizamos. Lembro da minha
infância, por volta dos meus doze anos de idade em Taquaritinga do Norte,
cidade montanhosa que fica no interior do estado de Pernambuco. Acabará
de chegar na cidade e um primo meu juntamente com um amigo me chamaram para
irmos caçar, de pronto falei sim sem ao menos perguntar o que ou como, quando
logo os vi de espingarda em punho, bainha e faca na cintura, cabaça com
pólvora, outra com chumbinho e buchinha. Passaram-me o Alforge com os produtos
bélicos interioranos e seguimos estrada afora. De longe se avistava o cruzeiro
da cidade. Seguimos mata adentro e no caminho meu primo e seu amigo contavam
suas vitoriosas caçadas e perigos daquela mata.
Chegando no topo da serra do cruzeiro, eles falaram que era costume fazer uma oração aos pés da Santa Cruz, pedir proteção, boa caçada e retorno em segurança. Fiz minha prece, pedi para Deus que poupasse um encontro com Onça pintada, Cobras ou qualquer outro bicho que fosse. Afinal eu não era tão corajoso assim para enfrentar um animal com dois moleques armados com espingarda de chumbo. Seguimos horas e horas por trilhas e perecia que minhas preces foram ouvidas, nada absolutamente nada de Onça, Cobra ou sei lá o que. O sol já estava se pondo, quando avistamos um pássaro logo o amigo do meu primo carregou a espingarda e passou para minha mão, pedindo para eu atirar pois era a minha primeira caçada, por tanto teria que fazer. Retruquei falando que não faria aquilo, argumentando que não sabia atirar e não o faria. Os dois me xingaram e o amigo do meu primo me tomou a espingarda, mirou e atirou no pobre Azulão. Mas o tolo era ruim de pontaria. |