ALTERNATIVA
À GUERRA
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Alberto
Carmo
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Talvez
seja sonho, uma idéia de jerico, uma utopia. Mas a se arrepender pelo que
não se fez, tal qual canja de galinha recusada, melhor arrepender-se pelo
que se tentou fazer.
Assim sendo, e deixando de lado as disposições em contrário, permitir-me-ei abrir a matraca. Em tendo sido brutalmente atacado, justifica-se ao povo americano o sentimento de revanche, de rodar a baiana, subir nas tamancas. Mais que humana, essa reação pede respeito e compreensão. Afinal, foram jovens, idosos e crianças, massacrados impiedosamente. E quem passasse em branco por isso não passaria de um sangue de barata. Certo, qualquer um de nós, se fôssemos presidentes da nação agredida, não hesitaria em mostrar todas as garras, o poder de fogo. Mas isso num primeiro momento, onde a ferida entope-nos o raciocínio e acelera o coração. Entender a profundidade dos acontecimentos é tarefa de santos, dos quais não temos nada. Porém, num segundo momento, talvez nos viesse a meditação profunda, aquela rara de se ver num mundo que vive aos solavancos. A humanidade inteira está ansiosa, curiosa em saber qual será a reação do país tão poderoso. Que falta faz um líder calvo de sabedoria, de compreensão circulando pelas veias, levado a saciar a cólera do próprio povo e, ao mesmo tempo, ter olhos de ver acima da realidade momentânea. Que fariam os sábios da humanidade perante decisão tão importante ao futuro do planeta? Talvez fosse algo como armar um filho e o mandar à batalha, muni-lo de um entendimento maior, que o fizesse deslumbrar as conseqüências de qualquer vacilo, ou deixar que se tranque no quarto, isole-se completamente e diga: - Não brinco mais! Que tipo de coragem nos orgulharia ver num filho, ou em nós mesmos, diante dessa sinuca de bico? Talvez não se trate de vingar mais de cinco mil vidas com a morte de cinco mil outras, ou mais. Talvez fosse mais viável, humana, inteligente, caridosa e até economicamente falando, transformar essas tantas vidas em sementes de tolerância, de perdão, de heroísmo verdadeiro. Não sei as respostas, posso no máximo fazer voar a imaginação, sentado confortavelmente no aconchego do meu canto. Deixando de lado o que eu penso, o que faria, como reagiria, tento imaginar o que fariam pessoas como Gandhi, Francisco de Assis, Salomão, Antonio de Pádua, Sócrates, Madre Tereza, Moisés, Maomé, Sidarta, Joana D'Arc, e tantos outros, se pudessem formar um conselho internacional, ao qual pesasse decidir o que fazer. Como mesclar orgulho ferido, caridade, sabedoria, maturidade, altruísmo, estratégia, etc, num mesmo cadinho que atendesse a ingenuidade e a ignorância de aprendiz da humanidade? Talvez uma enquete global, uma urna de sugestões, um caldeirão de opiniões. O que cada um de nós faria sobre isso? Como numa rifa, dou minha sugestão dentro das minhas possibilidades de raciocínio. Sitiaria o Afeganistão, o Iraque, Israel, ou quem quer que fosse o suspeito, ou o motivo. Apontaria todos os canhões, com os dedos pronto nos gatilhos. Força provada, orgulho acalmado, retiraria todas as tropas, todas as raivas, todas as emoções baixas, e fincaria uma bandeira branca na montanha mais alta. E no segundo seguinte trataria de cuidar que nenhuma família ficasse sem uma despensa com alimentos, uma escola onde mandar os filhos, um médico que trouxesse ervas curativas. Manteria os cofres das elites cheios de ouro e jóias, pois não saberiam viver longe disso; faria não mais faltar alimento e educação aos mais simples, pois isso lhes bastaria por ora; presentearia a classe média global com eletrodomésticos e apetrechos computadorizados, carros do ano e viagens periódicas, pois não podem prescindir disso para manter o status que lhes satisfaz. Na Terra há ouro e espaço para tudo isso, e cada macaco que escolha seu galho. E você, o que faria? Faça alguma coisa! |