POST
SCRIPTUM
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Cleomar
Santos
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A galinha
choca o ovo, o gato nos enfadonha com sua preguiça, a tv só nos apresenta
Faustões da vida. Parênteses da vida. Tudo parado, morno. Como dias de
chuva nas férias de verão; se pegar o livro, durmo; não quero dormir.
E os dias passam com tanto trabalho, estudo, afazeres de casa. Como se
a vida fosse cheia de parênteses. Em um texto, quando queremos dar uma
pausa para tocarmos em assunto paralelo, usamos os parênteses. Pelo que
vejo, deus gosta muito de parênteses.
E como é gostoso molhar o pão na xícara de café, como nos agrada dobrar o gibi para livrar uma das mãos. Como é bom correr o jornal direto para a parte de esportes. Como nos fazem bem estes momentos tão distantes das necessidades práticas da vida. Os que todos chamam de inúteis. Conectar o micro e entrar no ICQ. Teclar horas a fio com pessoas que nunca veremos; mentes iluminadas... pelo brilho do monitor. Ouvir Cássia Eller, não pelo tipo de penteado, ou pelo comportamento rebelde mas sim pela interpretação tão cheia de vida e vontade. Somos assim, tão cheios de momentos "supérfluos", os quais nos farão entender melhor a vida. Que é na realidade uma tentativa de estar bem em cada momento, em cada parada, em cada feriadão, em cada renascimento do segundo. Não, não é cultura inútil ou momento enfadonho parar para observar ou ler sem grandes compromissos. É, sim, algo agradável que nos proporcionará disposição para o que nos reserva a batalha, esta sim, enfadonha, do cidadão trabalhador. |
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